A iniciativa do projeto está alinhada às ações de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e do aquecimento global, bem como à década de recuperação dos ecossistemas | Foto: Fábio Baron
A Caatinga, o único bioma 100% brasileiro, ocupa cerca de 10,1% do território nacional, predominando na região Nordeste. Sua preservação é essencial para garantir a segurança ambiental do Brasil, devido ao papel crucial que desempenha na regulação climática e na manutenção da biodiversidade. Com uma área de 862.818 km², a Caatinga é um dos biomas semiáridos mais biodiversos do mundo, abrigando um ecossistema único e altamente adaptado às condições climáticas adversas.
A vegetação da Caatinga é notável por sua capacidade de adaptação ao clima semiárido. Durante o período seco, muitas plantas perdem suas folhas para reduzir a evaporação, criando o aspecto esbranquiçado que originou o nome “mata branca”, de origem tupi-guarani. No período chuvoso, a paisagem se transforma, com a rebrota das folhas e o florescimento da vegetação, demonstrando a resiliência desse bioma.
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A biodiversidade da Caatinga é impressionante, com uma rica fauna que inclui 133 espécies de mamíferos, 11 delas exclusivas, e 10 em risco de extinção, como a onça-parda e a jaguatirica. O bioma também abriga 548 espécies de aves, com cerca de um terço sendo endêmicas. Além disso, a fauna conta com 203 espécies de peixes, 79 de lagartos, 114 de serpentes e 98 de anfíbios, além de uma grande variedade de insetos essenciais para a polinização e dispersão de sementes, como abelhas e formigas.
Além de sua biodiversidade, a Caatinga é um aliado importante na luta contra as mudanças climáticas. De acordo com o Observatório Nacional da Caatinga, a vegetação da região é altamente eficiente no sequestro de carbono, podendo armazenar entre 45% e 60% do dióxido de carbono capturado, sem liberá-lo de volta para a atmosfera. Esse processo contribui significativamente para a regulação climática em níveis local, regional e global, auxiliando na redução das emissões de gases de efeito estufa.
A preservação da Caatinga também garante a continuidade de serviços ecossistêmicos fundamentais para as cerca de 28 milhões de pessoas que vivem na região, como o fornecimento de água, solos férteis para cultivo, regulação climática, purificação da água e do ar, e a promoção de atividades recreativas e econômicas sustentáveis.
Entretanto, o bioma enfrenta ameaças constantes devido ao desmatamento, queimadas e uso inadequado dos recursos naturais. A conservação da Caatinga exige medidas urgentes, como políticas públicas eficazes, investimentos em pesquisa, educação ambiental e práticas de manejo sustentável. “É essencial que a sociedade se engaje na preservação deste bioma, que desempenha um papel vital não só para o Brasil, mas também para o equilíbrio ambiental global”, afirma Samuel Portela, coordenador de conservação da biodiversidade da Associação Caatinga.
A Associação Caatinga, organização sem fins lucrativos criada em 1998, tem se dedicado à conservação desse bioma único, além de promover o desenvolvimento sustentável e a resiliência das comunidades rurais diante da semiaridez e dos efeitos do aquecimento global.
A preservação da Caatinga é mais do que uma questão ambiental; é uma necessidade urgente para garantir o equilíbrio climático e a proteção da rica biodiversidade do Brasil.
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