Setores produtivos reagem à elevação da Selic e veem risco para economia e empregos | Foto: reprodução
07 maio 2025 — A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de elevar a Taxa Selic para 14,75% ao ano, o maior patamar em 19 anos, provocou forte reação de entidades da indústria, do comércio e de centrais sindicais. Para esses setores, o aumento de 0,5 ponto percentual representa um retrocesso para o desenvolvimento econômico e ameaça o mercado de trabalho.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que a medida “impõe um fardo ainda mais pesado à economia”, destacando que a inflação vem desacelerando e que a possibilidade de recessão nos Estados Unidos pode, inclusive, aliviar a pressão sobre o dólar nos próximos meses. Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, a decisão exige mais prudência do Copom.
Já a Associação Paulista de Supermercados criticou duramente o ciclo de alta dos juros, apontando que ele favorece a especulação financeira e desestimula a produção e o emprego. Segundo a entidade, “com a Selic nos patamares atuais, o Brasil estimula o rentismo, em vez de fortalecer sua economia real”.
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A Central Única dos Trabalhadores (CUT) foi categórica ao afirmar que a elevação da Selic amplia o aperto econômico enfrentado pelas famílias. Para a vice-presidenta da entidade, Juvandia Moreira, “o brasileiro já convive com uma taxa proibitiva que encarece o custo de vida e o endividamento das famílias”.
A Força Sindical foi ainda mais incisiva e classificou a decisão do Copom como uma “irresponsabilidade social”. Segundo a entidade, manter os juros em níveis tão altos é um obstáculo direto ao desenvolvimento e ao combate à pobreza. “É uma política que trava a economia e ameaça levar o país à recessão”, disse o presidente Miguel Torres.
Apesar das críticas, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) avaliou a medida como dentro do esperado, considerando o cenário de inflação ainda elevada e as expectativas desancoradas. O economista-chefe da entidade, Ulisses Ruiz de Gamboa, destacou que a política monetária contracionista segue sendo necessária para conter a pressão inflacionária.
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