Banco Central mantém ciclo de alta dos juros diante de inflação persistente | Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
07 maio 2025 — O Banco Central (BC) anunciou, nesta quarta-feira, uma nova elevação da taxa básica de juros (Selic), que passou de 14,25% para 14,75% ao ano, em decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom). Essa é a sexta alta consecutiva da Selic, que atinge agora o maior patamar desde agosto de 2006.
A decisão já era esperada pelo mercado diante do cenário de inflação pressionada, especialmente pelos preços dos alimentos e da energia, além das incertezas globais. Em comunicado, o Copom não indicou os próximos passos da política monetária e destacou que o ambiente de incerteza exige prudência e flexibilidade.
“Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional”, informou o comitê.
O Copom reforça que a manutenção da taxa em níveis elevados por mais tempo pode ser necessária para conter a inflação e reancorar as expectativas do mercado.
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A alta da Selic tem como principal objetivo conter a inflação oficial, medida pelo IPCA. A prévia de abril, o IPCA-15, ficou em 0,43%, com destaque negativo para os alimentos. No acumulado de 12 meses, a inflação alcançou 5,49%, superando o teto da meta contínua, que é de 4,5%.
Com o novo regime de metas contínuas, vigente desde janeiro, o BC considera a inflação acumulada em 12 meses a cada mês, e não mais o fechamento do ano.
O último Relatório de Inflação do BC elevou a projeção para o IPCA de 2025 para 5,1%, enquanto o boletim Focus mais recente, divulgado com dados do mercado, prevê um índice de 5,53% no fim do ano. Ambos os valores estão acima do limite superior da meta.
Para 2026, o BC estima que a inflação fique em 3,6%, dentro da meta, mas ainda sob risco.
Com o aumento da Selic, o crédito fica mais caro, o que desestimula o consumo e ajuda a reduzir a pressão sobre os preços. Porém, o custo dessa política é uma desaceleração do crescimento econômico. O BC revisou a projeção do PIB de 2025 para 1,9%, enquanto o mercado espera crescimento de 2%.
A taxa básica de juros também impacta diretamente o rendimento de aplicações financeiras e o custo dos financiamentos. Sua elevação visa conter o excesso de demanda, reduzir as expectativas de inflação e atrair investimentos em títulos públicos.
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