É importante investigar se houve consumo de crustáceos e pescados, alerta Secretaria da Saúde do Ceará | Foto: divulgação/MEDPUC-RJ
A mais nova doença, que tem chamado a atenção e assustado a população brasileira, já foi registrada no Ceará, em 2021. Segundo a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), só este ano, foram nove casos confirmados de síndrome de Haff, a “doença da urina preta”. Os registros ocorreram entre os meses de julho e agosto, sendo quatro em homens e cinco em mulheres. Do total, oito precisaram de internação hospitalar e um foi acompanhado em ambulatório. Dois pacientes necessitaram de cuidados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), uma mulher de 24 anos e um homem de 81 anos. Nenhum dos pacientes evoluiu para forma grave e/ou óbito.
A orientadora da Célula de Informação e Resposta às Emergências em Saúde Pública da Sesa, Sheila Santiago, explica que a síndrome de Haff, mais conhecida como “urina preta” é um evento de saúde pública, por isso requer muito a atenção dos pacientes e dos profissionais de saúde em relação aos sintomas. “Chega sem explicação, é uma ocorrência súbita através de uma rigidez muscular, dispneia (falta de ar), dormência, perda de força nos membros superiores e inferiores (braços e pernas), e tem um sintoma muito característico, que é a urina preta”, esclarece.
A urina escura é resultado de um agravamento da doença, que leva o paciente a uma insuficiência renal. A doença de Haff é um tipo de rabdomiólise, nome dado para designar uma síndrome que gera a destruição de fibras musculares esqueléticas e libera elementos de dentro das fibras – como eletrólitos, mioglobinas e proteínas – no sangue. “É preciso ficar muito atento porque essa insuficiência renal, se não tratada a tempo, pode levar até a morte.”, alerta Sheila Santiago.
Segundo a orientadora Sheila Santiago, surgindo os sintomas característicos da “doença da urina preta”, o caso precisa ser notificado em até 24h. Confira depoimento abaixo, clicando no link:
A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) emitiu uma nota técnica de alerta (clique e confira na íntegra) sobre a síndrome de Haff, conhecida popularmente como “doença da urina preta”. Por se tratar de um evento de saúde pública e que precisa ter todos os casos suspeitos notificados, os profissionais de saúde devem ficar atentos aos pacientes que relatarem os sintomas da doença.
“É importante, ainda, investigar se houve consumo de crustáceos e pescados. A toxina encontrada nos animais pode ser advinda de algumas espécies de algas marinhas que servem de alimentos para os peixes e crustáceos”, indica a orientadora Sheila Santiago.
O documento reforça que, nos casos em que houve a ingestão dos alimentos, com confirmação de sobras, deve-se avisar a Vigilância Epidemiológica do município para articulação de coleta. Importante que as notificações sejam feitas em até 24 horas a partir da suspeita inicial do caso ou surto.
As notificações de casos/surtos para a síndrome de Haff devem ser registradas no Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) da Sesa. O alerta deve ser feito por e-mail: cievsceara@gmail.com ou pelo telefone: (85) 3101-4860 / (85) 98724-0455 em dias úteis, fins de semana e feriados. O aviso pode ser feito ainda ao município de Fortaleza nos telefones (85) 3452-6989 e (85) 98868-9893.
Na quarta-feira (15/9), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgou uma nota com alerta sobre uma possível relação entre os casos de doença de Haff, no Brasil, e o consumo de peixes, mariscos e crustáceos. Alertou ainda que os primeiros sinais e sintomas podem se manifestar nas 24 horas após o consumo de peixe cozido, lagostim e outros frutos do mar contaminados.
“A enfermidade é considerada emergente e, por ter origem desconhecida, enquadra-se como evento de saúde pública (ESP), sendo considerada de notificação compulsória”, diz a nota.
De acordo com a pasta, todos os casos notificados e em investigação estão sendo acompanhados por epidemiologistas do Ministério da Saúde, em cooperação com os Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA) e o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC).
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