A cultura do algodão, aos poucos, vem sendo retomada e mudando a realidade dos campos no Ceará, Estado que já foi um dos maiores produtores do país há cerca de três décadas. Nos meses de agosto e setembro, os campos ficam cheios e a colheita se inicia. As características naturais, de solo e clima, garantem uma melhor produtividade da cultura.
Um dos maiores aliados do produtor rural cearense que investe na cultura do algodão é o sol. A grande incidência dos raios faz com que o algodoeiro cresça bem e produza flores com fibras longas, que garantem mais peso do algodão por hectare plantado. Aliando as condições naturais à técnica e tecnologia, o sucesso é garantido.
A fazenda Nova Agro, em Tabuleiro do Norte, no Vale do Jaguaribe, está colhendo a primeira safra. Foram plantados cerca de 700 hectares em fevereiro deste ano, em área própria, e cerca de 600 com parceria. A colheita ainda nem foi concluída, mas já é possível afirmar que a produtividade será acima da média nacional, próxima a 300 arrobas por hectare.
“O motivo foram os importantes investimentos em tecnologia e manejo. A parceria com a Embrapa, que nos ajudou a selecionar as variedades mais adequadas para nossa região, o trabalho no solo, que faz com que ele armazene mais água, e investimentos em irrigação foram fatores que elevaram nossa produtividade”, afirma Daniel Borges, administrador da fazenda.
O secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Maia Junior, e o executivo do Agronegócio, Silvio Carlos Ribeiro, acompanharam parte da colheita na Chapada do Apodi.
“Hoje é um dia muito alegre, muito feliz de ver que o Ceará volta a produzir uma das suas grandes riquezas do passado. A economia do Ceará começou a se estruturar a partir exatamente da produção do algodão. E hoje, 30 anos depois, vejo inovação, novas tecnologias e empreendedores que acreditam no trabalho técnico e científico, é uma grande satisfação”, afirmou Maia Júnior.
Nos anos 1980, antes da praga do bicudo, o Ceará tinha um status na produção algodoeira diferenciado, chegando a plantar cerca de 1,2 milhão de hectares. Exatamente por isso, o Estado chegou a ser o maior produtor do Nordeste e o terceiro maior do Brasil.
Desde 2019, o Programa de Modernização do Algodão do Governo do Ceará, executado pela Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), em parceria com Embrapa, Centec, Ematerce e instituições ligadas ao setor, tem encorajado os agricultores a voltar a plantar.
Hoje, além da região da Chapada do Apodi, há áreas de experimentos em Iguatu, Missão Velha, Brejo Santo e Milagres. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020, o Ceará plantou 2.919 hectares. Este ano, a expectativa do Estado é que supere a área plantada em mais de 3.234 hectares.
Para o coordenador do Programa, Euvaldo Bringel, mais importante que o aumento de área, é a nova fase que vive a cultura do algodão no Ceará, com aumento da produtividade e profissionalização da cadeia produtiva.
“O sucesso do programa do algodão já desencadeou a ampliação da produção de outros grãos, como a soja, o sorgo e o milho, ancorado na ampliação de áreas, abertura de novas fronteiras agrícolas e prospecção de águas subterrâneas para ampliar a irrigação. Vale salientar que naturalmente os empreendimentos que cultivam algodão fazem o rodízio de cultura e viabiliza-se aí nova perspectiva para o agronegócio do leite, frango, suíno, indústria de ração e outras atividades econômicas no Estado que dependem da importação desses insumos”, afirmou.
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