Mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue | Foto: AdobeStock
A dengue é um problema de saúde pública que desafia os sistemas de saúde em diversas regiões do mundo, especialmente em países tropicais como o Brasil. Com quatro sorotipos identificados: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. A infecção pelo DENV-3 tem sido mostrada como particularmente preocupante, não apenas pela gravidade dos casos, mas também pelo impacto direto na gestão hospitalar e na segurança dos pacientes.
O vírus DENV-3 ganhou destaque ao provocar grandes surtos e, quando reintroduzido em regiões onde há baixa circulação anterior, tende a gerar manifestações clínicas mais intensas. Para o sistema de saúde, isso significa um aumento expressivo na demanda por atendimento, ocupação hospitalar e risco de desassistência. A alta incidência pode resultar em sobrecarga dos serviços de urgência e emergência, além de pressão sobre leitos de internação e unidade de terapia intensiva.
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O manejo clínico dos casos de dengue Tipo 3 exige atenção redobrada por parte dos profissionais, especialmente diante da possibilidade de evolução para quadros graves, como a dengue hemorrágica e a síndrome do choque da dengue. Nesse contexto, a segurança do paciente torna-se um aspecto crucial. A rápida identificação de sinais de agravamento e a implementação de protocolos clínicos adequados são fundamentais para garantir resultados positivos e evitar danos evitáveis.
No entanto, a sobrecarga do sistema pode prejudicar justamente essa capacidade de resposta. Profissionais sobrecarregados, infraestrutura comprometida e deficiência de recursos afetam diretamente a qualidade do atendimento e a segurança dos pacientes, ampliando os riscos de eventos adversos e falhas no monitoramento contínuo. O fluxo adequado de informações e a integração entre equipes assistenciais e investidores tornam-se essenciais para manter a eficiência e a segurança durante períodos críticos.
Além disso, é fundamental fortalecer a prevenção, tanto no combate ao vetor quanto na educação da população sobre sinais e sintomas precoces da doença. Um dos principais avanços na prevenção da dengue foi a introdução da vacinação, ainda que sua aplicação seja limitada a faixas etárias específicas. Atualmente, a imunização está disponível para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, faixa etária considerada de maior risco. No entanto, a indisponibilidade da vacina para todas as idades reforça a necessidade de estratégias complementares, como a vigilância epidemiológica robusta e campanhas educativas contínuas, para mitigar o impacto dos surtos e evitar colapsos no sistema de saúde.
Por fim, a gestão hospitalar deve investir em protocolos que garantam a pronta identificação dos casos graves e a rápida estabilização dos pacientes, reduzindo a mortalidade e protegendo a integridade dos processos assistenciais. A experiência com o sorotipo DENV-3 revela a importância de uma abordagem integrada e coordenada, que prioriza tanto a resposta imediata quanto o fortalecimento da estrutura de saúde para enfrentar futuras epidemias.
Dr. José Branco é fundador e faz parte da direção executiva do IBSP – Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente, Diretor Técnico do INDSH – Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano e Diretor Médico da CloudSaúde
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