

Mesmo quando as crianças não têm conta própria, os riscos aumentam quando familiares publicam fotos e vídeos em seus perfis pessoais | Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
16 de agosto de 2025 — O uso das redes sociais por crianças e adolescentes voltou ao centro do debate público após denúncias do influenciador Felca Bress, que revelou conteúdos chocantes envolvendo a exposição de menores na internet. O caso provocou reação imediata do Congresso Nacional, da Presidência da República e de setores da sociedade civil, levantando questionamentos sobre a falta de regulação no uso da imagem de crianças em plataformas digitais.

De acordo com a escritora e ativista Sheylli Caleffi, é essencial que pais e responsáveis conheçam a classificação indicativa das plataformas. O Instagram, por exemplo, não é recomendado para menores de 16 anos, enquanto TikTok e WhatsApp não devem ser utilizados por menores de 13 anos.
Ela ressalta ainda que perfis de crianças e adolescentes devem ser sempre privados, evitando que desconhecidos tenham acesso às imagens. “O ideal é uma conta privada se existe qualquer imagem de criança. E os adolescentes, quando tiverem idade para ter contas, também precisam mantê-las privadas”, afirma Caleffi.
Pesquisas reforçam a preocupação: segundo dados do Cetic.br, 93% dos brasileiros de 9 a 17 anos usam internet — um total de 24,5 milhões de jovens. Desses, 83% possuem perfil próprio nas redes sociais, e 30% já tiveram contato online com pessoas desconhecidas.
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Mesmo quando as crianças não têm conta própria, os riscos aumentam quando familiares publicam fotos e vídeos em seus perfis pessoais. “Não são redes sociais, são redes de comércio. Tudo que está lá é para vender”, alerta Caleffi, reforçando que criminosos podem distorcer o uso das imagens.
A ativista também chama atenção para o fenômeno da adultização infantil, quando crianças são colocadas em contextos de adultos — seja por roupas, maquiagem, dietas precoces ou comportamento incentivado pelas redes sociais. Isso pode causar danos psicológicos graves e distorções na formação da autoestima.
Para aumentar a segurança digital, especialistas recomendam o uso de aplicativos de mediação parental, que permitem controlar o tempo de tela, rastrear localização e monitorar acessos de crianças e adolescentes. Além do monitoramento familiar, a professora Vládia Jucá, da Universidade Federal do Ceará, lembra que a proteção da infância deve envolver também escolas, sistema de saúde, assistência social e órgãos de Justiça, como previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
“A rede de proteção precisa atuar onde as crianças estão, inclusive na internet. É fundamental que escolas e famílias compreendam que a exposição digital não é apenas um álbum de fotos, mas um espaço público e de risco”, afirma Jucá.
Especialistas apontam que o Brasil precisa avançar urgentemente na regulação das big techs e das plataformas digitais, sem descuidar do fortalecimento das redes públicas de proteção. A escuta ativa das crianças e adolescentes também é fundamental para identificar sinais de violência ou abusos.
Situações de violação de direitos de crianças e adolescentes podem ser denunciadas de forma anônima e gratuita pelo Disque 100, disponível 24 horas por dia.
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Tags: proteção infantil, redes sociais, segurança digital, crianças e adolescentes, perfis privados, Sheylli Caleffi, Vládia Jucá, classificação indicativa, mediação parental, regulação das big techs, adultização precoce, internet segura