

Além de executar manobras de pouso e decolagem, os militares realizam exercícios de infiltração de mergulhadores de combate, retirada de feridos e tiro real | Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
A base principal da Operação Poseidon 2021 é o Navio Aeródromo Multipropósito (NAM) Atlântico, um porta-helicópteros da Marinha do Brasil, que tem capacidade para transportar 16 aeronaves. O treinamento reúne 830 militares do Exército, da Marinha e da Força Aérea. O exercício começou no dia 28 de agosto e segue até este sábado (4/9), na costa do Rio de Janeiro.
Os pilotos fazem exercícios de pouso e decolagem no convés de voo do Navio Atlântico, enquanto ele se movimenta. O porta-helicópteros tem 203 metros de comprimento e chega a atingir uma velocidade de 18 nós (33 quilômetros por hora).
O primeiro-tenente da Força Aérea Brasileira (FAB), Rodrigo Galardo, destacou as dificuldades de se pousar em um navio nestas condições, no meio do mar. “O maior desafio é pelo fato de não termos chegado a simular um voo como este. É a primeira vez que a gente realiza um pouso em algo que está se movendo. Isso é realmente novo para a gente, que está em alto mar, não tem muito horizonte e não tem algo fixo para se estabilizar. Então isso acaba agregando valor na nossa aproximação”, relatou Galardo, que trabalhou no resgate de vítimas, em 2019, na tragédia de Brumadinho (MG).
Além da capacitação no pouso, realizado no convés de 170 metros de extensão por 32 metros de largura, os militares realizam exercícios de infiltração de mergulhadores de combate, resgate de feridos (evacuação aeromédica – Evam) e tiro real. O treinamento conjunto foi proposto pelo Ministério da Defesa e visa o aumento contínuo das operações integradas entre as Forças Armadas.

O exercício foi acompanhado, nesta quinta-feira (2/9), pelo ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, pelo comandante da Marinha, almirante de esquadra Almir Garnier, e pelo almirante de esquadra Petronio Augusto Siqueira de Aguiar, chefe de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa.

O comandante da Marinha ressaltou os propósitos de integração e lembrou que integrantes das três Forças muitas vezes usam termos e linguagem próprios para denominar técnicas e equipamentos semelhantes.
“O maior desafio é que cada comando de Força tem suas características próprias, seus usos e costumes, e quando se vai operar em um outro ambiente, sob a coordenação de uma outra Força, você precisa se adaptar a ela. Até o jargão e a cultura do trânsito a bordo de um navio, o resto é boa vontade”, disse Garnier.
Para ele, o treinamento de qualificação e requalificação de pouso é um exercício eficaz tanto para iniciantes quanto para militares já experientes. “Cada vez mais, o Ministério da Defesa, o Estado-Maior Conjunto e as Forças Armadas visam operar de maneira integrada”, ressaltou o comandante da Marinha.

O almirante de esquadra Petronio Augusto Siqueira de Aguiar lembrou que esse tipo de operação vem sendo construída desde 2018 pelo Ministério da Defesa.
“No ano passado, fizemos nosso primeiro adestramento conjunto, com as três Forças e o navio parado, como se fosse um aeroporto. Nós qualificamos os pilotos e agora passamos a uma nova fase deste exercício, com o navio em movimento. Pretendemos que este tipo de adestramento permaneça por alguns anos, porque ainda temos algumas fases a serem cumpridas, até uma operação noturna, que é uma situação muito diferente do que ocorre de dia”, disse Petronio.
O segundo objetivo, ressaltou o chefe de Operações Conjuntas, é fazer com que as Forças Armadas estejam prontas a atender alguma demanda do Estado brasileiro, incluindo possíveis assistências humanitárias internacionais ou missões de resgate.
Tanto Garnier quanto Petronio ressaltaram a chegada à esquadra brasileira do primeiro submarino da nova família, o Riachuelo, que deverá ser entregue ainda em dezembro deste ano em condições plenas de operação. Depois do Riachuelo, virão outros três submarinos convencionais e, finalmente, o submarino de propulsão nuclear, que colocará o Brasil no seleto grupo de países com capacidade de produzir submarinos com essa característica tática avançada.
“Submarino [de propulsão] nuclear construiremos, esse é o nosso lema. É o nosso grande gol. É um desafio. Estamos trabalhando na fronteira do conhecimento. Não é construir, mas desenvolver um submarino”, disse Petronio.
“O Riachuelo está em avaliação operacional, não é mais teste de engenharia. No ano que vem ele estará operando com a nossa esquadra. Vai trazer um novo patamar de operação de submarinos, porque é um equipamento muito mais moderno do que os nossos anteriores”, completou Garnier.
Além disso, ambos lembraram que está contratada a produção de quatro fragatas, fabricadas por um estaleiro em Itajaí (SC), com início previsto para 2022, e estimativa de entrega entre 2024 e 2025.
Por Vladimir Platonow – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro
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