A Casa de Cuidados do Ceará (CCC) completou no último dia 24 de julho um mês de funcionamento. O espaço, criado com o objetivo de atuar na reabilitação de pacientes afetados pela Covid-19, passou a oferecer também reabilitação humanizada e multidisciplinar aos cearenses em recuperação após alta hospitalar decorrente de outras doenças, assim como desospitalização de pacientes em cuidados prolongados para reabilitação e/ou adaptação a sequelas decorrentes de outros diagnósticos, como Acidente Vascular Cerebral (AVC), trauma e cuidados paliativos.
Até o momento, 20 pessoas foram acompanhadas na Casa de Cuidados do Ceará, que é administrado pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH). No caso de pacientes que permanecem por longo período em hospitais, devido ao coronavírus, os especialistas perceberam uma tendência mundial para a desospitalização pós-doença. Com isso, busca-se evitar a lotação em hospitais emergenciais e liberar leitos, diminuindo também a incidência de doenças infecciosas e proporcionando medidas adequadas de segurança assistencial.
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Os pacientes recebidos na Casa de Cuidados do Ceará possuem assistência de profissionais das áreas de Enfermagem, Fisioterapia, Assistência Social, Fonoaudiologia, Nutrição e Psicologia, além de visitas médicas, com a adoção de todos os cuidados necessários na transição entre o hospital e a casa do paciente. A está estratégia está em conformidade com o giro de leitos hospitalares na Rede Assistencial do Estado do Ceará.
O motorista de aplicativo Luciano Noronha, de 42 anos, é um dos pacientes que foram transferidos para a Casa de Cuidados. Ele foi internado com Covid-19 no Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), no dia 8 de maio deste ano. Durante o tratamento, Noronha chegou a passar cerca de um mês intubado e, consequentemente, em coma induzido.
Recuperado do vírus, já em junho, ele foi transferido para o Hospital Estadual Leonardo Da Vinci (Helv), onde passou a ter sessões de Fisioterapia e cuidados paliativos em sua recuperação em meio às sequelas deixadas pelo Sars-CoV-2. No último 6 de julho, o motorista foi transferido para continuar sua reabilitação na Casa de Cuidados.
A esposa do paciente, Jéssica Silva Barbosa, relata que a ida para a unidade permitiu ficar mais perto do marido e acompanhar os avanços dele. Entre as sequelas, ele chegou a ficar com trombose nas pernas, com dificuldade dos movimentos nos braços e perda de memória. “É uma bênção estar na Casa de Cuidados. Estou mais perto e cuidando dele. Foi aqui que, em torno de dez dias que chegamos, ele conseguiu dar os primeiros passos. Ele ainda tomava banho na cama e então começaram as evoluções”, lembra.
Após os cuidados, Noronha conseguiu ficar em pé e tomar banho no chuveiro. “A Casa foi a oportunidade do reencontro e, em pouco tempo, ele conseguiu evoluir bastante. Não temos a sensação de estar em um hospital; sentimos muita paz. Não sei como seria receber alta e ter que cuidar dele em casa, não teríamos condições”, afirma a esposa.
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A Casa de Cuidados do Ceará possui atualmente 130 leitos. É permitido que pacientes possam ter a companhia de um familiar na fase de reabilitação. O espaço é acessível e também conta com área verde que possibilita ar fresco e tranquilidade.
O primeiro paciente chegou à unidade logo no primeiro dia de inauguração, há um mês. “A maioria dos pacientes chegou para reabilitação ou cuidados pós-Covid-19, porém outros necessitaram de cuidados para reabilitação de outras doenças, como AVC, trauma e infecções graves, doença psiquiátrica e pneumonia”, pontua Ursula Wille Campos, diretora da Casa de Cuidados do Ceará.
Ainda segundo Wille, em breve a Casa vai receber pacientes que estão aguardando transferência de outras unidades. “Já estamos com mais 14 pacientes encaminhados e já aceitos, que estão apenas aguardando alta hospitalar para serem transferidos”, diz.
Para prestar um atendimento humanizado e pautado na excelência, a Casa de Cuidados do Ceará oferece treinamentos aos profissionais de saúde que atuam nas dependências da unidade.
Neste mês, um treinamento foi realizado para uso de desfibrilador. Foram abordados, por exemplo, o uso do cronômetro, funções de cada elemento, adereços, carregamento de energia, tipos de teste operacional e funções dos cabos. O equipamento é utilizado para identificar arritmias e possível parada cardiorrespiratória.
“O treinamento foi bem didático. Achei o desfibrilador de fácil manuseio. A assistência realmente precisa de educação permanente, pois isso ajuda muito no nosso crescimento profissional”, avalia a enfermeira Juliana Cidrão, que atua em assistência domiciliar.
Outros treinamentos estão previstos para os próximos dias, envolvendo hipodermóclise, cuidados paliativos, rotinas de atendimento e capacitação para cuidadores.