Uma doença rara em crianças e jovens, mas que já é responsável no Brasil pela maioria das mortes por doença no Brasil entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos de idade. O câncer é responsável por 8% do total de mortes nesta faixa etária, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca).
“É a primeira causa de morte por doença no Brasil e nos países desenvolvidos. Ele (câncer) só perde para causas externas, como traumas, e outros agentes externos”.
A avaliação é da oncologista Flávia Martins, que também é membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope).
Dados do Inca também que revelam que os três tipos de câncer mais comuns entre crianças e jovens, por ordem de frequência, são leucemias, tumores no Sistema Nervoso Central (SNC) e linfomas.
O mês de setembro é reservado à conscientização e combate ao câncer infanto-juvenil. A doutora Flávia Martins recomenda que, para fazer o diagnóstico precoce, é preciso prestar atenção na criança e no que dizem os pais, pois há tempos variados de diagnóstico. Os primeiros consistem no reconhecimento dos sintomas pelos pais e no atendimento médico não especializado da criança em um hospital, pronto-socorro ou Unidade Básica de Saúde (UBS). Em seguida, vem o atendimento complexo, com o diagnóstico final.
A oncologista alerta que os pais devem observar o comportamento da crianças. O reconhecimento de alguns sintomas, que podem indicar uma doença mais grave, é muito importante.
“Prestar atenção em febres contínuas. Lembrar que a criança tem, sim, febres, tem viroses, infecções, mas elas duram, no máximo, entre três e cinco dias, e não costumam deixar a criança prostrada, não costumam causar dor”.
Outro sinal importante, segundo a médica, é a palidez.
“Quando a criança está um pouquinho descorada e menos ativa, os pais devem levar em consideração e levar para uma avaliação médica. Qualquer sintoma neurológico, como estrabismo, quando a criança fica vesguinha, ou a criança reclamar de alteração visual súbita, dor de cabeça”.
Flávia Martins ressaltou que a “dor é coisa de adulto, isso não é coisa de criança. Criança, para ter dor, tem que ter alguma justificativa e essa dor tem que passar por uma investigação”.
A oncologista reconheceu que os sintomas de alerta são mais fáceis de serem detectados pelos médicos. Já os sintomas mais comuns a outras doenças, como febre e dor de barriga, acabam passando despercebidos.
Estatísticas do Inca para o triênio 2020/2022 estimam 8.460 novos casos, por ano, de cânceres infanto-juvenis, sendo 4.310 para o sexo masculino e 4.150 para o sexo feminino.
Segundo o Inca, o progresso no tratamento do câncer na infância e na adolescência nas últimas quatro décadas foi extremamente significativo. “Hoje, em torno de 80% das crianças e adolescentes acometidos da doença podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados. A maioria deles terá boa qualidade de vida após o tratamento adequado”, informa o Instituto.
A oncologista Flávia Martins lembrou que é importante não só a criança ser curada, mas manter qualidade de vida, com capacidade funcional. “Porque não basta curar. A gente tem que promover que essa criança chegue a ser um adulto, e até um idoso saudável. Então, quanto mais precocemente a gente encontrar aquele tumor do sistema nervoso central, aquela leucemia, a gente vai, muitas vezes, poder planejar o tratamento de forma que a criança seja menos espoliada, sofra menos agressões”.
Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro
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