Os senadores eleitos pelo Estado do Ceará reagiram às declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro em discursos feitos em atos realizados por apoiadores em Brasília e em São Paulo, no feriado de 7 de Setembro, dia da Independência do Brasil. Nos discursos, o presidente da República criticou ministros do STF, defendeu o não cumprimento de medidas judiciais e atacou prefeitos e governadores.
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) defende uma reação firme dos partidos políticos, que devem se unir na defesa e preservação das instituições, e no fortalecimento de nossa Democracia.
“As declarações do Presidente da República, nesta terça-feira, são absolutamente inaceitáveis em um Estado Democrático de Direito. Suas palavras em desrespeito ao Supremo Tribunal Federal e seus Ministros se configuram como clara afronta à harmonia dos poderes e à Constituição”, declarou Tasso.
O senador Eduardo Girão (Podemos-CE), claro defensor do presidente Bolsonaro, participou do ato em Brasília e disse as demandas apresentadas pelo povo nas manifestações são legítimas e, inclusive, defendidas por ele desde o início do mandato como o impeachment de ministros do STF.
“Na manifestação deste 7/9, muitas das demandas apresentadas pelo povo foram as que defendo desde o início do mandato, como fim do foro privilegiado e análise de impeachment de ministros do STF. São pautas legítimas e democráticas. O Senado precisa sair da omissão e agir”, disse acrescentando que agora é preciso refletir sobre o impacto das manifestações.
O Senador Cid Gomes (PDT-CE) não havia emitido nenhuma opinião até a tarde desta quarta-feira (8/9). Antes, na noite de segunda (6/9), Cid havia declarado que “Bolsonaro aposta no ódio e na violência. Usa o 7 de setembro para criar o caos e ameaçar a democracia. Desvirtua o sentimento nobre de amor à pátria para fomentar suas intenções golpistas. Protejam-se e não caiam nas provocações. Todo cuidado é pouco!”
O presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira (PP-AL), fez um pronunciamento na tarde desta quarta-feira (8/9), que foi transmitido, ao vivo, pela TV Câmara. “Esperei até agora para me pronunciar porque não queria ser contaminado pelo calor de um ambiente já por demais aquecido”, disse.
Responsável por dar prosseguimento a ação de impeachment contra o presidente da República, Lira adotou um tom pacificador e, sem citar o nome do presidente Bolsonaro e nem a possibilidade de impeachment do presidente, Lira que não vê mais “espaço para radicalismo e excessos” e acrescentou: “Os Poderes têm delimitações – o tal quadrado, que deve circunscrever seu raio de atuação. Isso define respeito e harmonia. Não posso admitir questionamentos sobre decisões tomadas e superadas – como a do voto impresso. Uma vez definida, vira-se a página. Assim como também vou seguir defendendo o direito dos parlamentares à livre expressão – e a nossa prerrogativa de puni-los internamente se a Casa com sua soberania e independência entender que cruzaram a linha”.
O presidente da Câmara disse que vai procurar o entendimento entre os três poderes: “Conversarei com todos e com todos os poderes. É hora de dar um basta a esta escalada, em um infinito looping negativo. Bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade. O Brasil que vê a gasolina chegar a R$ 7 reais, o dólar valorizado em excesso e a redução de expectativas. Uma crise que, infelizmente, é superdimensionada pelas redes sociais, que apesar de amplificar a democracia estimula incitações e excessos”, afirmou.
Lira enalteceu todos os brasileiros que foram às ruas de modo pacífico. “Uma democracia vibrante se faz assim: com participação popular e liberdade e respeito à opinião do outro. Por fim, vale lembrar que temos a nossa Constituição, que jamais será rasgada. O único compromisso inadiável e inquestionável que temos em nosso calendário está marcado para 3 de outubro de 2022. Com as urnas eletrônicas. São nas cabines eleitorais, com sigilo e segurança, que o povo expressa sua soberania. Que até lá tenhamos todos, serenidade e respeito às leis, à ordem e, principalmente, à terra que todos nós amamos”, concluiu.
Leia também | Atos antidemocráticos no 7 de Setembro provocam reações de juristas e políticos
Confira a íntegra do pronunciamento do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira: