Moraes determina suspensão de decretos e impasse entre governo e Congresso chega ao STF | Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo
04 de julho de 2025 — O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu nesta sexta-feira os efeitos de todos os decretos que tratam do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A decisão afeta tanto os decretos presidenciais, que haviam elevado a alíquota do imposto, quanto o decreto legislativo, que havia derrubado o aumento. Moraes também convocou uma audiência de conciliação entre os poderes, marcada para o dia 15 de julho, em Brasília.
A decisão ocorre no contexto de um impasse entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. O governo federal, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), havia acionado o STF para tentar restabelecer os efeitos dos decretos assinados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Esses decretos aumentavam o IOF para operações de crédito, especialmente para empresas, com o objetivo de reforçar a arrecadação e viabilizar o ajuste fiscal.
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Na decisão, Moraes determinou que tanto o Executivo quanto o Legislativo apresentem, em até cinco dias, explicações sobre as razões que motivaram:
Segundo o ministro, a suspensão vale para os Decretos Presidenciais 12.466/2025, 12.467/2025 e 12.499/2025, bem como para o Decreto Legislativo 176/2025, aprovado recentemente pelo Congresso.
A disputa em torno do IOF escancarou uma nova crise política entre o governo federal e o Congresso. O Planalto defende que o aumento do imposto representa um avanço na justiça tributária, com maior taxação sobre camadas mais ricas da população, destinando os recursos para programas sociais.
Já o Legislativo argumenta que não aceitará novos aumentos de impostos sem que o governo promova cortes de gastos e reformas administrativas. A derrubada dos decretos pelo Congresso representou um baque para o Ministério da Fazenda, que estimava uma perda de arrecadação de R$ 10 bilhões em 2025 e R$ 20 bilhões em 2026.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, argumentou que o aumento do IOF era uma medida necessária para equilibrar as contas públicas e garantir a meta fiscal estabelecida para o ano. Com a rejeição da proposta pelo Congresso, o Executivo recorreu ao Supremo, questionando a constitucionalidade da derrubada legislativa.
O presidente Lula declarou que o recurso ao STF é um direito legítimo do governo e reafirmou a importância da medida para garantir sustentabilidade fiscal e justiça social.
Agora, com os decretos suspensos, todas as decisões anteriores sobre o aumento ou a revogação do IOF ficam sem efeito, até que haja uma solução consensual ou julgamento definitivo no plenário do STF.
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