

11 de outubro de 2025 — Após meses de trégua entre as duas maiores economias do mundo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (10) novas tarifas de 100% sobre produtos chineses, somando-se aos 30% já em vigor. A medida reacende a tensão comercial entre EUA e China e pode gerar reflexos positivos para o Brasil.
Em publicação nas redes sociais, Trump afirmou que os Estados Unidos vão impor controles de exportação sobre todos os softwares essenciais fabricados no país a partir de 1º de novembro. Além disso, ameaçou restringir a venda de peças da Boeing à China, em resposta à limitação chinesa sobre terras raras — insumo estratégico para a indústria tecnológica.
Embora Pequim ainda não tenha anunciado retaliações, analistas indicam que o movimento é esperado, e o cenário reforça a posição do Brasil como beneficiário indireto desse embate econômico.
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De acordo com o economista Ian Lopes, da Valor Investimentos, o Brasil já vem se destacando como fornecedor alternativo à China, especialmente nas exportações de soja. “Nunca vendemos tanto para os chineses. Eles reduziram as compras dos americanos e aumentaram a demanda pelo produto brasileiro, movimento que deve se repetir em outras cadeias produtivas”, afirma.
Um relatório da American Farm Bureau Federation, que representa mais de 6 milhões de agricultores norte-americanos, mostrou que as exportações de soja dos EUA para a China caíram 78% entre janeiro e agosto de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior. Nesse intervalo, o Brasil conquistou uma fatia ainda maior do mercado chinês, consolidando-se como principal fornecedor.
Além do setor agrícola, o Brasil pode se beneficiar também na ponta das importações. Segundo Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, as restrições impostas pelos EUA obrigam a China a buscar novos mercados para escoar sua produção. “Isso deve aumentar a oferta de produtos no Brasil e reduzir preços, contribuindo até para o controle da inflação”, explica o especialista.
Esses efeitos, no entanto, tendem a se manifestar de forma gradual. “A balança comercial brasileira pode se fortalecer, mas é um ganho que se consolida ao longo dos próximos anos”, completa Saadia.
Mesmo com a retórica de confronto, Estados Unidos e China permanecem fortemente interdependentes. Os americanos continuam a importar da China centenas de bilhões de dólares em eletrônicos, vestuário e móveis, enquanto os chineses seguem como grandes compradores de produtos agrícolas e industriais norte-americanos.
Trump, que chegou a impor tarifas de até 145% sobre produtos chineses, suavizou sua postura ao permitir uma redução temporária das taxas para 30%, após forte pressão de CEOs do setor de tecnologia. Ainda assim, a recente elevação das tarifas sinaliza que a guerra comercial está longe de um desfecho — e que o Brasil pode ser um dos principais beneficiados nesse novo rearranjo econômico global.
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[…] Essas tensões comerciais, ao redirecionarem fluxos de mercadorias, criam aberturas valiosas para o mercado agrícola brasileiro e potencialmente expandem essa dinâmica para outros setores. “A escalada tarifária abriu espaço para fornecedores alternativos” – OCDE. […]