Em discurso, Cid Gomes fez críticas à autonomia do Banco Central e ligação com o setor privado | Foto: Alessandro Dantas/Agência Senado
01 de julho de 2025 — O senador Cid Gomes (PSB-CE) apresentou o Projeto de Lei nº 144/2025, propondo o aumento do período de quarentena de seis meses para quatro anos para ex-dirigentes do Banco Central retornarem ao mercado financeiro. A medida visa reduzir conflitos de interesse e fortalecer o compromisso da instituição com o interesse público.
Segundo o senador, a atual política monetária conduzida pelo BC revela uma dependência preocupante em relação ao mercado financeiro, agravada após a aprovação da autonomia do órgão durante a pandemia da Covid-19.
“O que se vendeu como autonomia revelou-se uma transferência de poder sem os devidos freios e contrapesos”, declarou Cid Gomes. Para ele, a atuação recente do BC tem priorizado os interesses de grandes instituições financeiras em detrimento das necessidades da população.
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Cid destacou o caso do ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que assumiu recentemente um cargo de destaque no Nubank, apenas seis meses após deixar a presidência do BC. Para o senador, o episódio é emblemático:
“Isso não é coincidência institucional, é confluência de interesses”, afirmou, ao criticar a rapidez com que dirigentes públicos migram para altos cargos em empresas que antes deveriam regular.
O senador defende que o aumento da quarentena é necessário para garantir a imparcialidade do Banco Central e evitar que decisões estratégicas em política monetária sejam influenciadas por interesses futuros no setor privado.
“Seis meses são insuficientes. Como aceitar que quem regulou os ganhos do setor financeiro seja, logo depois, recompensado por ele?”, questionou.
A proposta ainda será debatida no Senado e, se aprovada, altera diretamente a Lei Complementar que trata da autonomia do Banco Central.
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Tags: Cid Gomes, Banco Central, quarentena dirigentes BC, projeto de lei 144/2025, Roberto Campos Neto, autonomia do Banco Central, mercado financeiro, política monetária, conflito de interesses, Senado Federal