Relatório mostra queda de 32,4% na área desmatada no país em 2024 | Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
14 de maio de 2025 — O desmatamento no Brasil apresentou queda em cinco dos seis biomas em 2024, segundo dados divulgados pelo Relatório Anual do Desmatamento (RAD), do projeto Mapbiomas. A única exceção foi a Mata Atlântica, que registrou aumento de 2% na comparação com 2023, atribuído a eventos climáticos extremos, especialmente no Rio Grande do Sul.
No total, o país perdeu 1.242.079 hectares de vegetação nativa no último ano, uma redução de 32,4% em relação a 2023. O número de alertas também caiu 26,9%, totalizando 60.983 registros.
Na comparação com 2023, o Pantanal foi o bioma com maior queda proporcional, com redução de 58,6%, seguido por Pampa (-42,1%), Cerrado (-41,2%), Amazônia (-16,8%) e Caatinga (-13,4%).
Já o Cerrado manteve o título de bioma mais desmatado do país pelo segundo ano seguido, com perda de mais de 652 mil hectares — cerca de 52% do total nacional.
Segundo os pesquisadores, a queda no desmatamento está relacionada a três fatores principais:
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A região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) respondeu por 42% da perda de vegetação nativa do país, sendo responsável por 75% da destruição no Cerrado.
Os estados que mais desmataram em 2024 foram Maranhão (17,6%), Pará (12,6%) e Tocantins (12,3%).
Em contraste, Goiás, Paraná e Espírito Santo reduziram o desmatamento em mais de 60%. Já Rio de Janeiro, Acre e Rio Grande do Sul registraram aumento nas áreas desmatadas, sendo que no RS a destruição está ligada aos eventos climáticos extremos ocorridos entre abril e maio de 2024.
Mais da metade dos municípios brasileiros (54%) tiveram pelo menos um alerta de desmatamento em 2024. Os maiores aumentos proporcionais ocorreram em Canto do Buriti, Jerumenha, Currais e Sebastião Leal, todos no Piauí.
Nas terras indígenas, o desmatamento caiu 24%, somando 15.938 hectares. Ainda assim, a TI Porquinhos dos Canela-Apãnjekra (MA) liderou o ranking de perda, com 6.208 hectares desmatados, aumento de 125% em relação a 2023.
Nas unidades de conservação, houve redução de 42,5%, com destaque negativo para a APA Triunfo do Xingu (PA), na Amazônia, que teve a maior área desmatada entre as UCs: 6.413 hectares.
O relatório também revelou que 43% da vegetação suprimida em 2024 ocorreu com algum tipo de autorização. No Cerrado, esse índice chega a 66%, enquanto na Amazônia, é de apenas 14%.
Segundo os pesquisadores, a falta de transparência em estados como o Maranhão dificulta o controle efetivo do desmatamento. Mesmo sendo o estado que mais desmatou, o Maranhão não forneceu dados públicos completos sobre autorizações e fiscalizações ambientais.
Desde o início da série histórica do relatório, em 2019, o Brasil já perdeu 9,88 milhões de hectares de vegetação nativa, sendo 67% na Amazônia Legal. O avanço da agropecuária foi responsável por 97% de todo o desmatamento no período.
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