Lin perdeu os movimentos das perdas há dois anos | Foto: Universidade Fudan de Xangai/Divulgação
Pesquisadores da Universidade Fudan, em Xangai, China, realizaram um experimento inovador que possibilitou que quatro pacientes com paralisia voltassem a andar após a implantação de chips de eletrodos no cérebro e na medula espinhal. O estudo, que obteve resultados mais rápidos e avançados do que os experimentos anteriores da Neuralink, foi recentemente divulgado e trouxe uma revolução no campo da neurociência.
Intitulado “tecnologia de interface cérebro-coluna triplamente integrada”, o estudo se destacou por restaurar a comunicação entre o cérebro e a medula espinhal, que havia sido interrompida por lesões graves. O procedimento resultou em um “bypass neural”, criando uma nova via de comunicação entre essas partes do corpo.
O método desenvolvido pelos cientistas chineses é uma interface cérebro-coluna (BSI), diferente da interface cérebro-computador (BCI) utilizada pela Neuralink, que conecta nervos danificados a membros robóticos. A abordagem chinesa visa, essencialmente, restaurar a função nervosa natural sem depender de dispositivos externos.
Os resultados foram surpreendentes: um dos pacientes já conseguiu mexer as pernas apenas 24 horas após o implante, confirmando a eficácia da técnica.
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Um dos pacientes, Lin, tornou-se o primeiro paraplégico completo a restaurar a capacidade de andar com o auxílio dos implantes. Lin, que perdeu o movimento das pernas há dois anos após uma queda de uma escada, passou a utilizar cadeira de rodas após o acidente. Com a cirurgia realizada em janeiro, ele começou a mostrar sinais de recuperação surpreendentes em apenas 24 horas, quando foi capaz de levantar as pernas. Em duas semanas, ele já conseguia superar obstáculos e andar por quase 5 metros.
“Meus pés estão quentes e suados, e sinto um formigamento”, relatou Lin, que também recuperou a sensação de necessidade de ir ao banheiro, algo que havia perdido após o acidente.
O método envolve a implantação de chips de eletrodos minúsculos no córtex motor, responsável pelos movimentos voluntários. Esses chips decodificam os sinais neurais do cérebro e enviam estímulos elétricos para as raízes nervosas, permitindo que os pacientes controlem músculos paralisados. Em um comparativo com estudos similares realizados na Suíça, a técnica chinesa apresentou recuperação muito mais rápida, com melhorias visíveis em um curto período após a cirurgia.
Os pacientes submetidos ao procedimento entre fevereiro e março de 2025 tiveram diferentes graus de recuperação, mas todos conseguiram retomar a locomoção. O professor Jia Fumin, líder do estudo, afirmou que a reabilitação pode ser completada com sucesso em até cinco anos, o que poderá permitir a reconexão neural total.
Com essa tecnologia, a China dá um grande passo no avanço da neurocirurgia, especialmente para os 3,7 milhões de pessoas que sofrem de lesões medulares no país. Os pesquisadores acreditam que, com a evolução do método, os pacientes poderão andar sem a necessidade de dispositivos de suspensão em até um ano.
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