A denúncia veio a público, na manhã desta segunda-feira (9/01), durante o programa da Rede Globo Mais Você, apresentado por Ana Maria Braga. Logo após um resumo sobre a tragédia, a apresentadora exibiu um vídeo enviado ao programa pelo empresário Jesus Sebastião dos Santos, que é dono do rancho em que a maior parte das vítimas estava hospedado e também da lancha que foi esmagada pela rocha que se desprendeu do cânion do Lago de Furnas, em Capitólio (MG), matando dez pessoas.
Das dez vítimas, seis eram familiares do empresário, outros três eram amigos e a décima vítima era o marinheiro da embarcação.
“A gente sente muito pelos familiares da gente. É uma dor imensa que a gente sente sobre os seis família minha (familiares), os primos, o meu marinheiro e mais três amigos que vieram a óbito instantâneo (instantaneamente) no mesmo local, lá dentro do cânion pelo desmoronamento daquela rocha em cima da minha embarcação, ‘Jesus’. Ana, eu venho desabafar aqui o meu sentimento à toda família”, relatou o empresário.
Logo em seguida, Jesus Sebastião dos Santos apresenta uma hipótese para o acidente em tom de denúncia: “Provavelmente, tudo se indica a uma construção em cima do mirante dos cânions, que há um ano vem trabalhando várias máquinas pesadas, vários bate-estaca fazendo perfurações em cima do cânion. Isso tudo leva a se desgrudar aquela rocha, com o tempo. Várias máquinas mexeram no ambiente natural lá em cima, então, impactou bastante ali em cima, né?”, disse o empresário.
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Entrevistado pelo programa Mais Você, o delegado da Polícia Civil de Minas Gerais, Marcos Pimenta, que é responsável pela investigação, disse que o inquérito policial foi instaurado ainda no sábado (8/01), data do desmoronamento: “A Polícia Civil vai estudar se houve a responsabilização de terceiros ou se foi um evento da natureza. Mas para tanto é necessário que tenhamos responsabilidade. Nós já identificamos pessoas que estavam lá, vítimas, testemunhas. Já colhemos várias oitivas durante as as investigações. Já entramos em contato com o geólogo, que é um expert no assunto. Ele comparecerá na cidade de passos nos próximos dias e nos auxiliará nesse nesse tópico”, afirmou.
Segundo o delegado ainda é cedo para apontar a causa real do desmoronamento. Os investigadores estão atuando em três grupos de trabalho da polícia judiciária: um grupo com foco em Alpinópolis/São José da Barra, outro região de Capitólio/Piuí e um na cidade de Passos. “Nós, com a cautela pertinente ao caso, respeitando os familiares, daremos sequência a um trabalho que está ininterrupto desde o momento dos fatos e sem prazo para findar. Nós daremos celeridade e ao mesmo tempo teremos cautela em respeito aos familiares enlutados”, explicou.
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O delegado Marcos Pimenta informou a prioridade do momento é acolher as famílias das vítimas, ao mesmo tempo em que as equipes recolhem os fragmentos dos corpos para a completa identificação dos mortos. “Nós estamos dando celeridade na identificação dos corpos. Oito pessoas já foram identificadas, restando apenas duas. Existem alguns corpos e alguns fragmentos de corpos. Houve uma grande explosão e, infelizmente, alguns corpos não estão aptos para serem reconhecidos neste primeiro momento”, afirmou
Segundo o delegado, houve um reconhecimento precário das outras duas vítimas: um homem de 40 anos, natural de Betim (MG), que era o piloto da lancha e uma mulher de 43 anos, natural de Cajamar (SP). “alguns familiares optaram em ver esses fragmentos, mas para a polícia civil não trabalha com o reconhecimento precário. Nós precisamos formalizar esse reconhecimento. Para tanto, nós angariamos material biológico dos familiares mediante um cotonete, um swab que passa na gengiva. Pegamos o fragmento e fazemos a comparação para então poder afirmar categoricamente a identidade desses 2 corpos que ainda estão sem identificação formal”, explicou.
No decorrer dessa semana, os investigadores, já com o auxílio de um geólogo, vão retornar ao local do acidente para tentar se chegar a uma conclusão sobre a causa real do desmoronamento da rocha.
“Estamos programando para essa semana uma ida tanto aérea, mediante drone, e também por embarcação já com a presença desse geólogo, que já está disponível para nos auxiliar. Vamos também fazer um levantamento para ver se existem outras rochas com as mesmas características que careça de uma intervenção rápida do Estado, isso sem vaidade, sem apontar responsabilidades, mas para poder liberar aquele local, que é um local de turismo, que a comunidade vive dessa atividade e é muito bonito realmente. As águas do mar de Minas são muito importantes para a economia local, entretanto temos que ter responsabilidade para que ações assim não aconteçam novamente”, concluiu.
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Paralelo ao trabalho da polícia judiciária, a Marinha e a Polícia Federal também vão ajudar nas investigações.
Reveja as imagens da tragédia no vídeo abaixo: