O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, abriu os trabalhos no Plenário do Senado, na tarde desta quarta-feira (9/01), condenando as falas do podcaster e influencer Bruno Aiub, conhecido como Monark. Na noite da última segunda-feira (7/2), no podcast Flow, Monark defendeu que os nazistas tivessem um partido político legalmente reconhecido no Brasil. O episódio gerou reações negativas de vários setores da sociedade.
Sem citar nominalmente o influencer ou o podcast, Pacheco afirmou que “fatos como os ocorridos recentemente” não devem se repetir. “Quem legitima o nazismo afronta a memória das vítimas e dos sobreviventes desse regime e desdenha das atrocidades por ele causadas. Defender o nazismo não é uma justa manifestação da liberdade de expressão. É crime. Nazismo não se defende, não se propaga e não está inserido no hall das liberdades públicas da livre manifestação de pensamento”.
>>>SIGA O PORTAL TERRA DA LUZ NO YOUTUBE<<<
A fala do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, teve como mote a convocação de uma sessão especial, prevista para as 9h desta quinta-feira (10/02), destinada a homenagear e relembrar as vítimas do holocausto. A sessão será presidida pelo senador Jaques Wagner (PT-BA).
“Essa sessão especial designada para amanhã se mostra essencial para demonstrarmos à sociedade brasileira o nosso compromisso com o combate ao preconceito. Seja ele de raça, gênero, fé, etnia, cor, origem, orientação sexual ou de qualquer outra espécie; e com o combate à disseminação de qualquer ideia que propague formas de discriminação que violem esses preceitos básicos”, acrescentou Pacheco.
As declarações do youtuber ocorreram durante uma entrevista aos deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP). Na manhã do dia seguinte, a fala começou a repercutir rapidamente nas redes sociais e algumas empresas parceiras do podcast optaram por anunciar o encerramento de seus vínculos com o Flow. Ao fim do dia, foi informado o desligamento de Monark do Flow.
A Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público de São Paulo abriu inquérito para investigar suspeita de apologia ao nazismo a partir da fala de Monark.
Ontem, o procurador-geral da República, Augusto Aras, também determinou a abertura de processo para investigar o suposto crime de apologia ao nazismo que teria sido praticado pelo podcaster e influencer Monark e, também, pelo deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), que, ao ser questionado por Tabata Amaral que também participava do programa, afirmou considerar que a Alemanha errou ao ter criminalizado o partido nazista.
Leia também | Polícia do Rio combate braço financeiro de organização criminosa
Segundo nota divulgada na terça-feira (8/02), os Estúdios Flow informaram que o podcast em questão foi retirado do ar e que o apresentador foi desligado da produtora. Em vídeo, também divulgado na noite de ontem, Igor Coelho, que é sócio na empresa, anunciou que vai comprar a participação do apresentador nos estúdios, encerrando a ligação de Monark com a empresa.
No comunicado, os Estúdios Flow afirmam ainda ter compromisso com a democracia e os direitos humanos, lamentando o ocorrido. “Pedimos desculpas à comunidade judaica, em especial, e a todas as pessoas, bem como repudiamos todo e qualquer tipo de posicionamento que possa ferir, ignorar ou questionar a existência de alguém ou de uma sociedade”.
Monark divulgou vídeo em seu canal no Twitter em que diz que errou, pede desculpas e afirma que estava “muito bêbado” na ocasião.
O deputado federal Kim Kataguiri divulgou nota em que critica o procurador-geral Augusto Aras e afirmou que ele faz “vista grossa para crimes que realmente aconteceram”.
Segundo o deputado, o Aras se omite em casos que envolvem o presidente Jair Bolsonaro e age “rapidamente e com inquestionável cunho político para perseguir minha conduta de oposição ao governo”
“É aterrador que o PGR, que sempre faz vista grossa para crimes que realmente aconteceram tenha agido tão rápido. Quando há claros indícios de crime cometido pelo presidente da República, Augusto Aras nada faz. Porém, diante de uma conduta claramente de mero debate em um podcast, Aras age rapidamente – e com inquestionável cunho político para perseguir minha conduta de oposição ao Governo Bolsonaro. É um contrassenso”, declarou.
Por Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Leia também | Prefeito e secretários municipais de Catarina são afastados dos cargos após investigações da Procap