A Coreia do Norte lançou, nesta segunda-feira (17/01), uma nova provocação ao mundo na forma de dois projéteis, que tudo indica serem mísseis balísticos. Segundo observadores da Coreia do Sul, país vizinho, seria o quarto teste de armas desde o início deste ano.
Os dois “mísseis balísticos de curto alcance” foram lançados de um aeroporto perto de Pyongyang, capital da Coreia do Norte, nesta segunda-feira pouco antes das 09h00 (21h00 de domingo no horário de Brasília), e percorreram 380 km a uma altitude de 42 km, de acordo com o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul.
Além de provocar, o regime do ditador Kim Jong Un busca fortalecer as capacidades militares do país, apesar do risco de sanções internacionais, enquanto recusa ofertas de diálogo dos Estados Unidos.
Esses novos lançamentos ocorrem em um momento delicado para a região, com eleições presidenciais marcadas para março na Coreia do Sul, enquanto a China, único grande aliado da Coreia do Norte, se prepara para sediar os Jogos Olímpicos de Inverno no próximo mês.
A frequência e variedade dos testes mostram que a Coreia do Norte está “tentando melhorar sua tecnologia e capacidades operacionais para realizar ações secretas, de maneira que outros países tenham dificuldades em detectar os sinais preparatórios de um lançamento”, comentou o ministro da Defesa japonês, Nobuo Kishi, em coletiva de imprensa.
“O notável desenvolvimento da tecnologia de mísseis da Coreia do Norte não pode ser ignorado, para a segurança do Japão e da região”, alertou.
A Coreia do Norte afirmou ter testado com sucesso mísseis hipersônicos, uma arma particularmente sofisticada, em 5 e 11 de janeiro, sendo o segundo lançamento supervisionado pelo próprio Kim Jong Un.
Os mísseis hipersônicos podem atingir cinco vezes a velocidade do som, ou mais. São mais rápidos e manobráveis do que os mísseis padrão, tornando-os mais difíceis de interceptar pelos sistemas de defesa, nos quais os Estados Unidos gastam bilhões de dólares.
Os Estados Unidos responderam, na semana passada, com novas sanções, o que Pyongyang chamou de “provocação”.
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Se “os Estados Unidos adotarem tal atitude de confronto, a RPDC (República Popular e Democrática da Coreia, nome oficial da Coreia do Norte) será forçada a uma reação certa e mais forte”, advertiu um porta-voz do governo norte-coreano na sexta-feira (14/01).
Em seu plano de defesa para os próximos cinco anos, apresentado em janeiro de 2021, a Coreia do Norte citou os mísseis hipersônicos como sua prioridade número um, já que o diálogo com os Estados Unidos sobre seu programa balístico e nuclear permanece paralisado.
O país atravessa uma grave crise econômica, agravada pelas sanções e pelo fechamento de suas fronteiras em nome do combate à covid-19, e o regime “precisa apresentar algo aos norte-coreanos”, estima Cheing Seong-chang, do Centro de Estudos Norte-coreanos do Instituto Sejong.
Pyongyang procura impressionar a população com inovação militar, pois “ficou claro que o Norte terá que lutar no campo econômico”, acrescenta este analista.
Um trem de carga norte-coreano cruzou a ponte internacional sobre o rio Yalu no fim de semana passado e entrou na China, informou a agência de notícias sul-coreana Yonhap. Um evento que pode significar a retomada do comércio entre os dois países, suspenso desde o início da pandemia, há cerca de dois anos.
“O momento escolhido sugere que Pequim é mais do que cúmplice das provocações de Pyongyang”, estima Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha em Seul. Segundo ele, “a China apoia economicamente a Coreia do Norte e coordena com ela do ponto de vista militar”.
Com informações da AFP/Exame
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