

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, participa de uma reunião com o presidente Lula e governadores, no Palácio do Planalto, em Brasília | Foto: REUTERS/Adriano Machado
05 de outubro de 2025 – Após uma série de movimentos políticos que indicavam uma possível candidatura à Presidência da República, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a adotar um discurso de cautela e afirmou que deve disputar a reeleição estadual em 2026. A mudança de postura ocorre em meio a pressões internas do bolsonarismo e da direita tradicional, além de uma tentativa de conter desgastes políticos recentes.
A declaração foi feita na última segunda-feira, logo após Tarcísio visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar em Brasília. O encontro gerou expectativa sobre um possível aval de Bolsonaro à candidatura presidencial do governador — o que não se confirmou oficialmente, embora aliados afirmem que o ex-presidente vê o nome de Tarcísio como opção viável para 2026.
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O recuo do governador é visto por aliados como estratégico, com o objetivo de conter ataques vindos tanto da esquerda quanto do núcleo bolsonarista mais radical, liderado por figuras como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL).
A indefinição também travou as articulações sobre a sucessão em São Paulo. Entre os possíveis nomes para disputar o Palácio dos Bandeirantes caso Tarcísio tente a Presidência, estão o prefeito Ricardo Nunes (MDB), o presidente da Alesp André do Prado (PL), o secretário Guilherme Derrite (PP), o vice-governador Felício Ramuth (PSD) e o presidente do PSD, Gilberto Kassab.
Segundo o cientista político José Álvaro Moisés, da USP, a postura de Tarcísio indica que ele busca se posicionar como figura de consenso dentro da direita diante das divisões internas do bolsonarismo.
“Toda a articulação que ele faz é de alguém que se prepara para ser candidato a presidente. Quando a crise na direita se agravar, ele poderá surgir como o nome mais adequado”, afirmou Moisés.
A análise é reforçada por Carlos Melo, do Insper, que destaca o peso da popularidade atual do governador:
“Se a eleição fosse hoje, Tarcísio não seria candidato à Presidência, mas a política é dinâmica. Perder o governo paulista numa aposta presidencial pode encerrar sua carreira.”
Pesquisas recentes reforçam o dilema do governador. O levantamento Genial/Quaest de agosto mostrou Tarcísio liderando com 43% das intenções de voto na disputa estadual, contra 21% de Geraldo Alckmin (PSB). Já nos cenários presidenciais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece com ampla vantagem — variando entre 35% e 40%, contra 17% a 20% de Tarcísio.
Além das questões eleitorais, a reeleição permitiria a Tarcísio consolidar grandes entregas de gestão, como novas linhas de metrô e trem, a conclusão do Rodoanel e a nova sede administrativa no centro da capital, além do projeto de revitalização da Cracolândia.
Mesmo assim, aliados próximos alertam que a “oportunidade de ouro” para se lançar nacionalmente pode não se repetir. “O cavalo selado só passa uma vez”, resume um secretário do governo paulista.
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