Supremo Tribunal Federal, em Brasília | Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
20 de maio de 2025 – O ex-coordenador de inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Adiel Pereira Alcântara, confirmou nesta segunda-feira (19) que a corporação realizou ações de “policiamento direcionado” com o objetivo de dificultar o trânsito de eleitores do então candidato Lula no segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
A declaração foi feita durante depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no processo que julga o chamado Núcleo 1 da tentativa de golpe de Estado, liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete denunciados.
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Adiel relatou que as blitze foram realizadas por ordem de ex-diretores da PRF, com orientação específica para abordar ônibus e dificultar a mobilidade de eleitores identificados como apoiadores do Partido dos Trabalhadores (PT).
“Estavam criando uma polícia de governo, e não de Estado”, afirmou o ex-coordenador.
Ele também revelou que grande parte do efetivo da PRF era contra a vinculação da imagem da instituição ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que chegou a participar de motociatas com viaturas da PRF e publicar conteúdos com ações da corporação.
Outro depoente, Clebson Ferreira de Paula Vieira, que atuou no Ministério da Justiça sob a gestão de Anderson Torres, também confirmou a produção de relatórios de inteligência para embasar as operações da PRF. Segundo ele, os documentos foram solicitados por Marília Alencar, então secretária de inteligência, e acabaram sendo usados para justificar ações ilegais durante o pleito.
“Fiquei apavorado porque uma habilidade técnica foi utilizada para uma tomada de decisão ilegal”, disse Vieira ao STF.
O agente também confirmou que operações ocorreram em cidades sem relevância de tráfego, o que reforça a tese de motivação político-eleitoral nas ações da PRF.
Entre os dias 19 de maio e 2 de junho, serão ouvidas 82 testemunhas, indicadas tanto pela acusação quanto pelas defesas. Em seguida, Bolsonaro e os demais réus serão interrogados, em data ainda indefinida.
A expectativa do STF é que o julgamento ocorra ainda em 2025, podendo resultar em condenações por crimes como:
Os oito denunciados considerados parte do “núcleo central” da tentativa de golpe tiveram a denúncia aceita por unanimidade no STF. São eles:
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