

14 de novembro de 2025 – A Polícia Federal descreveu a existência de três núcleos organizados — de comando, financeiro e político-institucional — que compunham a estrutura da suposta organização criminosa responsável por desviar R$ 640 milhões de aposentados e pensionistas por meio da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer). O esquema foi investigado na quarta fase da Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quinta-feira (13) com autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça.
A investigação aponta que, considerando também outras associações e sindicatos suspeitos, os desvios podem ter alcançado R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, prejudicando milhares de segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
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Segundo a PF, o presidente da Conafer, Carlos Lopes, atuava como “líder e mentor intelectual” do esquema, determinando que funcionários obtivessem assinaturas de idosos para a criação de fichas falsas de filiação e inserção ilegal de descontos nas folhas de pagamento do INSS. Ele também seria responsável por manter a cadeia de pagamentos ilícitos. Apesar de ter prisão decretada, Lopes não havia sido localizado até o fim da noite de quinta-feira.
O irmão dele, Tiago Abraão Ferreira Lopes, vice-presidente e Diretor-Secretário-Geral da entidade, foi preso. Ele integrava o núcleo executivo do esquema e tinha acesso ao sistema Dataprev/INSS, de onde enviava listas fraudulentas para incluir descontos associativos sem autorização dos beneficiários. A PF afirma que Tiago enriqueceu ilicitamente ao receber R$ 5,5 milhões da Conafer entre 2019 e 2024.
O operador financeiro apontado como responsável pela movimentação dos pagamentos ilícitos é Cícero Marcelino de Souza Santos, também preso na operação. Segundo a PF, ele criava e administrava empresas de fachada usadas para receber e repassar valores desviados da Conafer, além de tratar diretamente com Carlos Lopes sobre a distribuição das propinas, registradas em planilhas que chamavam os beneficiários de “heróis” e “amigos”.
Outro investigado é Vinícius Ramos da Cruz, presidente do Instituto Terra e Trabalho (ITT), parceiro da Conafer. Ele seria o responsável por operacionalizar parte dos valores desviados e distribuir quantias a beneficiários, entre eles o deputado federal Euclydes Petersen (Republicanos-MG).
O ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto foi preso e, segundo a PF, exercia “papel de facilitador institucional”, garantindo a manutenção de convênios irregulares entre o INSS e a Conafer. Ele teria recebido até R$ 250 mil mensais via empresas ligadas a Cícero Marcelino, sob a justificativa de consultorias fictícias.
Outro investigado é Virgílio Antônio de Oliveira Filho, ex-procurador-chefe do INSS. Ele é apontado como um dos principais beneficiários do esquema, tendo recebido R$ 6,57 milhões entre 2022 e 2024, conforme quebras de sigilo bancário. Perícias recuperaram mensagens apagadas que comprovariam seu envolvimento.
A PF também aponta o deputado federal Euclydes Petersen, que teria recebido R$ 14,7 milhões para oferecer proteção política à Conafer e impedir fiscalizações. Ele foi alvo de busca e apreensão.
A investigação afirma ainda que o esquema funcionava plenamente durante o governo Jair Bolsonaro (PL). José Carlos Oliveira — hoje rebatizado como Ahmed Mohamad Oliveira Andrade — ex-diretor do INSS e ex-ministro do Trabalho e Previdência, teria recebido propina e atuado como um dos “pilares institucionais” da fraude. O STF determinou que ele use tornozeleira eletrônica.
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