Em resposta à movimentação militar na fronteira da Ucrânia, Kiev também ordenou a realização de exercícios militares | Foto: Reuters/The Ukarinian Ground Forces
As Forças Armadas da Rússia e da Bielorrússia deram início, nesta quinta-feira (10/02), a exercícios militares conjuntos na região da fronteira com a Ucrânia. A movimentação das tropas aumenta o clima de tensão em virtude de uma possível invasão russa.
Os Estados Unidos (EUA) creem que os exercícios são uma forma dos dois países reforçarem a presença militar nas fronteiras. “Continuamos a observar, inclusive nas últimas 24 horas, capacidades suplementares chegando de outras regiões da Rússia em direção à fronteira da Ucrânia e Bielorrússia”, afirmou o porta-voz do Pentágono, John Kirby.
Segundo o porta-voz, já estão nas fronteiras “mais de 100 mil” militares. Vladimir Putin “continua a reforçar sua capacidade militar”, acrescentou Kirby, destacando que essa intervenção “continua a desestabilizar, o que já é uma situação muito tensa”.
Fontes militares informam que Moscou colocou em território bielorrusso um arsenal de 30 mil militares, dois batalhões de sistemas de mísseis terra-ar S-400 e vários aviões-caça. Os exercícios devem ter duração de 10 dias e serão supervisionados pelo chefe das Forças Armadas da Rússia, Valery Gerasimov.
Segundo a agência de notícia Reuters, imagens de satélite mostram que grande parte do arsenal russo foi colocado na fronteira bielorrussa com a Ucrânia.
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Em resposta à movimentação militar na fronteira da Ucrânia, Kiev também ordenou a realização de exercícios militares.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) também acredita que as ações são um pretexto para que a Rússia aumente a presença militar na região. Kiev, a capital ucraniana, fica a apenas 200 quilômetros da fronteira com a Bielorrússia.
Segundo o Ministério da Defesa da Ucrânia, há, atualmente, mais de 127 mil soldados russos posicionados perto das fronteiras ucranianas, cercando toda a região norte do país. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirma que o número de militares russos na Bielorrússia é “a maior movimentação russa desde a Guerra Fria”.
“Estima-se que sejam mais de 30 mil soldados, além de membros de operações especiais, caças, sistemas de defesa antiaérea e mísseis de capacidade nuclear”, diz Stoltenberg em comunicado.
O líder da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, é aliado do presidente russo, Vladimir Putin. Em 2020, o Kremlin apoiou Lukashenko, após eleição que gerou protestos e confrontos violentos.
“Lukashenko não será capaz de resistir a dar território bielorrusso para quaisquer fins que a Rússia precise, seja para treinar, usar instalações militares bielorrussas, bases aéreas, talvez até mesmo o sistema de defesa aérea”, disse Artyom Shraibman, analista político bielorrusso, ao Guardian.
O Kremlin, no entanto, continua a negar a intenção de invadir a Ucrânia e garante retirar os militares da Bielorrússia quando concluídos os exercícios, denominados Allied Resolve. O objetivo, segundo o vice-ministro da Defesa da Rússia, Aleksandr V. Fomin, é “desenvolver diferentes opções para neutralizar conjuntamente as ameaças e estabilizar a situação nas fronteiras”.
À BBC, um porta-voz do Kremlin justificou os exercícios conjuntos, alegando que tanto a Rússia quanto a Bielorrússia estão enfrentando “ameaças sem precedentes”.
O embaixador da Rússia na União Europeia, Vladimir Chizhov, afirmou à emissora britânica que o país ainda acredita que a diplomacia pode ajudar a diminuir a crise na Ucrânia.
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Os esforços diplomáticos para atenuar o clima de tensão entre o ocidente e a Rússia prosseguem nesta quinta-feira (10/02), em nova jornada de negociações e de reuniões em várias frentes e diferentes níveis. Depois de Paris, em janeiro, Berlim sedia nova reunião de conselheiros políticos do Formato Normandia (Rússia, Ucrânia, Alemanha e França).
Na segunda-feira (7), o presidente francês, Emmanuel Macron, encontrou-se, em Moscou, com o seu homólogo russo e, no dia seguinte, com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Kiev. Macron assegurou ter recebido promessas de Putin de que não haveria “escalada” militar.
Nessa quarta-feira (9/2), a Casa Branca adiantou, em nota, que Joe Biden entrou em contato com Macron para saber o resultado dos encontros com Putin e Zelensky.
“Falaram sobre tentativas diplomáticas e de dissuasão, realizadas em contato próximo com os nossos aliados e parceiros, em resposta à presença de militares russos nas fronteiras da Ucrânia”, diz o documento.
Segundo a porta-voz de Biden, Jen Psaki, a Rússia “caminha em direção a uma escalada e não o contrário”.
Também o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, estará hoje em Bruxelas e depois em Varsóvia, em atividade diplomática de apoio aos aliados da Otan.
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