A nova bandeira tarifária “escassez hídrica”, em vigor nas contas de energia elétrica no dia 1º de setembro e que ficará em vigor até abril de 2022, está provocando uma corrida por painéis solares, no Ceará. A geração própria é uma das saídas que a população tem para pagar menos na conta de luz.
“Houve um aquecimento do mercado sim. A procura por kits solares na empresa duplicou e estamos instalando de 3 a 4 kits por semana. Um incremento de 50%”, avalia o engenheiro Eduardo Frota, sócio da empresa de energia solar Ziatech, que funciona em Fortaleza.
Segundo a Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (Absolar), 99,9% de todas as conexões de micro e minigeração distribuída são da fonte solar fotovoltaica. Ao todo, no Brasil, são 505.415 sistemas fotovoltaicos conectados à rede, com o segmento residencial respondendo por mais de 75%. Em junho, a geração de energia solar fotovoltaica, contava com 5.891 Megawatts de potência instalada entre consumidores de baixa tensão.
Para Eduardo Frota, a principal vantagem do sistema é poder gerar a própria energia. “O melhor é que a energia gerada que não for consumida a concessionária é obrigada a manter o crédito por 60 meses. Daí mesmo que o sistema solar não gere o suficiente a concessionária compensa o consumo através do crédito”, analisa.
Clientes de baixa tensão, como residências, pequenas empresas e indústrias, que pagam de R$ 300 a R$ 12 mil na conta de luz, a geração de energia produzida por painéis fotovoltaicos tem uma boa relação custo/benefício e, com a redução alcançada na conta mensal de consumo, o projeto se paga entre três e quatro anos, no máximo.
A contadora Elizabeth Fontenele decidiu investir na geração própria de energia há dois anos. O consumo médio da casa, em Fortaleza, varia entre 800 e 1.000 kilowatts por mês. Foram implantadas 18 placas fotovoltaicas e o conversor de energia ao custo de R$ 27 mil.
“Minha conta de energia chegou a R$ 1.100 reais num mês. Levando em consideração que hoje pagamos, quase todo mês, somente a tarifa de iluminação pública, na faixa de 150 a 200 reais, o projeto compensará o investimento até o fim deste ano e as placas ainda vão continuar gerando energia por mais 20 anos, pelo menos”, avalia.
A instalação de um projeto de energia solar residencial depende de algumas condições. Em primeiro lugar, é preciso existir um ponto de medição, ou seja, ter um medidor de energia instalado pela concessionária. A área residencial precisa ter tamanho suficiente para receber os módulos solares e local destinado a instalação do kit, normalmente no telhado da casa, não pode ter sombras. Em algumas situações, é preciso fazer um estudo de sombras.
Para incentivar a geração própria de energia, vários Estados reduziram ou até retiraram o ICMS sobre o kit solar. O imposto de importação também diminuiu e vários bancos possuem linhas de crédito para financiar a aquisição dos kits solares tendo como garantia o próprio kit. Com os estímulos e o movimento de flexibilização de bancos, fintechs e empresas especializadas nas linhas de crédito para financiar os equipamentos, houve um crescimento de 28% em um ano no volume financiado de projetos de energia solar, segundo a Absolar.
O custo do crédito tem variado entre 0,79% ao mês para pessoa física e 0,74% para pessoa jurídica, com prazos de até 10 anos para o pagamento. O ideal é fazer um financiamento de forma que o valor da parcela fique próximo da economia da conta de energia.
Segundo o engenheiro da Ziatech, Eduardo Frota, a implantação do sistema numa casa com padrão médio de consumo, com conta de energia, que gira entorno de R$ 400, requer um investimento de R$ 15 mil na compra de um kit de 3,0 kWp. Vale ressaltar que o valor do projeto sofre influência direta da variação cambial do dólar.
“A grande maioria dos módulos negociados no Brasil é importada. A alta do dólar, nesse semestre, impactou no preço final e ainda houve uma forte elevação no custo do frete marítimo proveniente da China, principal fornecer mundial dos equipamentos. Esses pontos provocaram um leve aumento nos preços finais das propostas”, afirma Eduardo. Ainda assim, ele avalia que vale muito a pena investir em energia solar: “Devemos lembrar que a tarifa de energia sofre constantes reajustes devido à crise energética que o país está passando e gerando a própria energia o consumidor fica blindado dos aumentos da tarifa de energia elétrica”.
O aumento da procura pelos painéis de energia solar tem provocado um aumento da concorrência entre as empresas que elaboram projetos e instalam os equipamentos. A MF Energy, empresa com mais de 10 anos de know how em engenharia civil e 7 anos no mercado da usina solar, abrirá uma nova loja, em Fortaleza, com a realização de um mega feirão de 9 a 11 de setembro. “Remodelamos o mercado da energia solar no Ceará. Somos a primeira empresa do segmento a investir em lojas que realizam pronta entrega e garante pronto atendimento na instalação dos equipamentos, que podem ser financiados em até 120 parcelas”, informa a empresa.
O Estado do Ceará, pelas características do clima com poucas chuvas e muitas horas de exposição solar, é um dos mais procurados para a instalação de grandes parques de energia solar. Na quinta-feira (2/9), foi inaugurado o mais novo parque de energia fotovoltaica do Estado. O Parque Alex, da empresa Elera Renováveis, do grupo Brookfield Renewable Partners, ocupa uma área de 830 hectares, entre os municípios de Limoeiro e Tabuleiro do Norte, no Vale do Jaguaribe, e tem capacidade instalada de 360 MW. É o maior até então em termos de potência e número de módulos de placas solares. .
A solenidade contou com a presença do governador do Ceará Camilo Santana, do secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), Maia Júnior, do Presidente da Federação das Indústrias do Ceará, Ricardo Cavalcante, do secretário adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Marcello Cabral, entre outras autoridades.
Este é o primeiro parque da Elera Renováveis no estado e só nele a empresa investiu quase R$ 1 bilhão de reais. O governador Camilo Santana ressaltou a importância da atração desse parque que gerou empregos durante sua construção em plena pandemia da Covid-19.
“O empreendimento gerou 1.600 empregos diretos e 3 mil indiretos num momento delicadíssimo que foi a pandemia em 2020 e 2021. Sem falar na capacidade de abastecer até 1 milhão de residências com energia limpa”, declarou Camilo.
Durante a inauguração, o CEO da empresa, Fernando Mano, revelou que um novo parque da companhia, em breve, será construído no município de Milagres, Sul do Ceará. “Estamos muito felizes com essa parceria com os cearenses. Somente esse parque vai reduzir a emissão de 1,8 milhões de toneladas de CO2 no meio ambiente”, afirmou.
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