Que a exposição do ser humano dentro de um reality show, com dezenas de câmeras, desnuda a intimidade e revela fragilidades pessoais, todos sabemos e não é nenhuma novidade.
Mas uma coisa não se pode negar: o BBB 23 está trazendo pautas muito reais e próximas ao cotidiano, principalmente quando analisamos o aspecto emocional dos participantes. Um exemplo foi a condição psicológica de dependência emocional, admitida em conversa com os brothers, pela atriz Bruna Griphao.
A moça viveu no início do programa, um breve romance com outro participante, já eliminado. Essa relação chamou muito a atenção, tanto do público quanto dos próprios colegas de confinamento, por apresentar traços de toxicidade e manipulação emocional por parte do parceiro. Mas, o que mais chama a atenção atualmente, é a demonstração de carência e dependência emocional em que a atriz se encontra. Uma vez que, após a saída do rapaz, Bruna já se disse encantada e até verbalizou “eu te amo” para um outro concorrente no programa. E ao ser confrontada pelos amigos, reconheceu que sofre de um distúrbio psíquico que precisa de acompanhamento especializado: “A dependência emocional eu tenho que tratar lá fora, papo para outra resenha…” admitiu a jovem.
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A autoestima baixa e a evidente carência alimentam essa dependência. Tanto que, normalmente, quem sofre com esse distúrbio cria e fantasia romances e afetos, nem sempre reais. Gera uma necessidade constante por cuidado e proteção, o que faz com que esse indivíduo se cegue e não consiga, muitas vezes, perceber que está anulando sua individualidade, pois passa a viver em função do outro.
Infelizmente, é cada vez mais comum relatos de dependência emocional entre mulheres. Mas engana-se quem pensa que só acontece com elas. Os homens também podem se sentir diminuídos e perder o senso crítico. Um grande risco, já que relações desse tipo alteram o equilíbrio emocional.
A dependência emocional incapacita o indivíduo de dizer não e escancara uma necessidade de controle, o que seria um sinônimo de segurança.
Além disso, a perda da autoconfiança também é um complicador para fomentar a condição destrutiva. É preciso desenvolver a autoconfiança contínua e persistente, de forma realista, autêntica e socialmente apropriada, para que desta maneira, a dependência vá perdendo forças e dando lugar ao autocuidado, autoestima, autocompaixão e amor próprio.
O antídoto para encontrar o equilíbrio emocional é se conscientizar que existe uma dor e uma ferida que precisa ser tratada. Ter clareza de que se está vivendo uma relação tóxica, onde apenas o que é do outro e para o outro, faz sentido. O respeito à individualidade é fundamental para que as decisões sejam menos opressoras. Afinal, não somos capazes de superar algo que estamos negando. Descobrir o gatilho e o porquê existe esse apego excessivo, sem dúvida, é o primeiro passo para a cura.
Porém, nem sempre se consegue fazer isso sozinho. Buscar apoio psicológico ajuda e muito, na identificação das causas.
Enfim, assim como a atriz Bruna Griphao, várias pessoas sofrem com a dependência emocional e são conscientes que algo está em desajuste.
No entanto, a questão mais agravante é quando se vive em meio a uma relação devastadora, do ponto de vista emocional, e não se dá conta do quanto está se deixando afundar e se descaracterizar por ser tão dependente.
É preciso recuperar a autonomia emocional para encontrar o bem estar mental, tão necessários para o ser humano viver de forma saudável e equilibrada.
A Dra. Andréa Ladislau é psicanalista.
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