O hidrogênio, gás que pode ser usado como fonte de energia para veículos, indústrias e até mesmo para usinas termelétricas, tem despertado cada vez mais interesse do mercado externo – em especial na Europa, de forma a substituir o gás importado da Rússia.
Diante dessa expectativa de aumento de demanda, aumentou também o interesse de empresas brasileiras em investir nessa “nova commoditie energética”, conforme disse o presidente da Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2), Paulo Emílio Valadão.
“Há um ano tínhamos apenas sete empresas associadas. Hoje temos 43, e outras oito em processo de associação. Isso mostra o interesse nessa área, com possibilidades muito interessantes do ponto de vista ambiental e de saúde da população”, disse Valadão em uma das sessões do primeiro Simpósio Global sobre Soluções Sustentáveis em Água e Energia, em Foz do Iguaçu (PR).
>>>SIGA O YOUTUBE DO PORTAL TERRA DA LUZ <<<
O encontro, que reúne autoridades, sociedade civil, setor privado e especialistas em água, energia, ecossistemas terrestres e mudanças climáticas, começou nesta segunda-feira (13/06) e vai até quarta-feira (15/06).
Para ser produzido na forma combustível, o hidrogênio requer uma grande quantidade de energia. Caso o processo de produção deste gás não faça uso de fontes energéticas danosas ao meio ambiente, dá-se a ele o nome de “hidrogênio verde”, formato que tem despertado, cada vez mais, o interesse estrangeiro.
Entre as possibilidades planejadas pelas autoridades brasileiras para dar conta dessa demanda crescente por energias alternativas e sustentáveis, está a de usar a energia obtida a partir de offshores (estruturas instaladas no mar), para a produção desse hidrogênio combustível, que pode ser exportado via terrestre (por dutos ou caminhões) ou via marítima (embarcações).
Leia também | PF apreende carga milionária de mercadoria contrabandeada
Segundo o presidente da ABH2, o país dispõe de outros potenciais de produção não danosos – ou pouco danosos – ao meio ambiente, que vão além da energia gerada por hidrelétricas e fontes eólica e solar.
“Temos potencial muito grande do uso de energias eólica e solar, e temos uma costa muito grande que nos permite desenvolver energia dos oceanos. Além disso, temos uma grande produção de etanol, biogás, biodiesel e de rejeitos de biomassa, que são outras fontes para a produção de hidrogênio”, disse.
Leia também | Subprocurador-Geral do MPTCU requer apuração sobre prejuízos no Fundo Amazônia
Segundo Valadão, atualmente o custo do hidrogênio produzido a partir de combustíveis fósseis é de cerca de US$ 1,4 por quilo de hidrogênio produzido. Já o produzido a partir da eletrólise [processo que retira hidrogênio da água] tem custo que varia entre US$ 5 e US$ 7 dólares por quilo.
“Existem também perspectivas interessantes de uso de biomassas, que podem produzir a custo competitivo; e, também, de se começar a explorar o hidrogênio natural. Estima-se que este custo seja menor do que o produzido a partir de combustíveis fósseis”, detalhou o presidente da ABH2.
Ele acrescenta que há registros de ocorrências de hidrogênio natural em pelo menos quatro localidades do país. “Isso significa que, no futuro, teremos poços produzindo hidrogênio natural no Brasil”, disse.
Leia também | PDT realiza encontro com lideranças de todo Nordeste para debater futuro da região e do Brasil
A fim de favorecer esse cenário, a associação informou ter criado um conselho, no qual reúne “empresas, academia e órgãos do governo com objetivos como o de regulação, normas e padrões para poder facilitar a abertura de mercado dessa nova commoditie energética no Brasil”.
Valadão acrescentou que 10 unidades federativas já podem ser consideradas hubs [locais que concentram iniciativas inovadoras] em hidrogênio verde: Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Organizado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da Organização das Nações Unidas (UN Desa) e pela Itaipu Binacional, o Simpósio Global sobre Soluções Sustentáveis em Água e Energia pretende “compartilhar e explorar as melhores práticas em relação ao uso sustentável de água e energia”.
Por Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil* – Foz do Iguaçu (PR) | O repórter viajou a convite da Itaipu Binacional
Leia também | O direito à não obrigação, ou, a obrigação de assumir o direito