

A equipe econômica já avalia cortes no Orçamento, incluindo R$ 10 bilhões em emendas parlamentares, para compensar a perda da arrecadação | Foto: Lula Marques/Agência Brasil
09 de outubro de 2025 — A Câmara dos Deputados impôs uma derrota significativa ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (8), ao permitir que a Medida Provisória (MP) que aumentava tributos perdesse a validade sem ser votada.
A proposta, que previa elevar a arrecadação federal em até R$ 20 bilhões, foi retirada de pauta antes mesmo de sua análise no mérito. A decisão foi liderada por partidos do Centrão e aprovada por 251 votos a 193, selando o fracasso de uma das principais medidas fiscais do governo para 2025.
Com a caducidade da MP, o Planalto perde uma fonte relevante de receita e terá que buscar novas alternativas para equilibrar as contas públicas até o fim do ano.
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A medida provisória foi apresentada em julho de 2025, após o governo recuar de um decreto que havia aumentado o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), e que chegou a ser parcialmente restabelecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O texto previa elevação de tributos sobre rendimentos financeiros, fintechs, criptomoedas e apostas online (bets). No entanto, a proposta encontrou forte resistência entre deputados da base e da oposição.
Críticos afirmam que o governo deveria reduzir gastos em vez de aumentar impostos, especialmente em um cenário de desaceleração econômica e alta carga tributária sobre o setor produtivo.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o próprio presidente Lula tentaram reverter o cenário nas horas que antecederam a votação, mas a mobilização não foi suficiente.
Antes da derrota, o presidente Lula classificou como “pobreza de espírito” a tentativa de associar a votação da MP a disputas eleitorais de 2026.
“Se alguém quer misturar isso com eleição, é uma pobreza de espírito extraordinária. Quando algumas pessoas dizem que não vão votar porque vai favorecer o Lula, não é o Lula que perde — é o Brasil”, afirmou o presidente.
Para o governo, a derrubada da MP foi uma “sabotagem política”. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), disse que a decisão “impôs uma derrota ao país”, já que o texto buscava fortalecer o equilíbrio fiscal.
A equipe econômica já avalia cortes no Orçamento, incluindo R$ 10 bilhões em emendas parlamentares, para compensar a perda da arrecadação.
A proposta uniformizava em 18% a alíquota do Imposto de Renda sobre rendimentos de aplicações financeiras e criptomoedas, além de aumentar de 9% para 15% a CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido) de fintechs e instituições de pagamento.
Também previa elevar de 12% para 18% a tributação sobre as apostas esportivas online (bets), mas após pressão política, o valor final ficou em 12%.
Outros pontos mais controversos, como a taxação de Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), acabaram sendo retirados do texto pelo relator Carlos Zarattini (PT-SP) para tentar destravar a votação — o que não ocorreu.
Sem aprovação, o governo deixa de arrecadar os R$ 17 bilhões previstos na versão final da MP.
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