

Donald Trump e Xi Jinping durante encontro de líderes no G20 em Osaka, Japão - 29/06/2019 | Foto: REUTERS/Kevin Lamarque
11 de outubro de 2025 — A nova decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 100% sobre produtos chineses, somando-se aos 30% já vigentes, abalou os mercados internacionais nesta sexta-feira (10) e reacendeu o temor de uma nova guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta. A medida, que entrará em vigor no dia 1º de novembro, é uma resposta às restrições impostas pela China à exportação de terras raras, minerais estratégicos para os setores de tecnologia e defesa.
Irritado com a decisão de Pequim, Trump cancelou um encontro com o presidente Xi Jinping, previsto para ocorrer ainda neste mês na Coreia do Sul, e prometeu impor novos controles de exportação sobre softwares críticos.
O anúncio provocou uma forte reação nos mercados financeiros: o índice Dow Jones caiu 1,9%, o S&P 500 recuou 2,7% e o Nasdaq despencou 3,5%. O dólar e os títulos do Tesouro americano também tiveram queda, enquanto investidores buscaram refúgio em ativos considerados seguros, como ouro e prata.
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A disputa comercial entre Washington e Pequim se arrasta desde 2018, quando o então presidente Trump iniciou uma série de tarifas para pressionar o governo chinês a reduzir subsídios e abrir seu mercado interno. Após anos de impasse, ambos os países chegaram a um entendimento parcial em 2024, que reduziu tarifas e restabeleceu o diálogo.
Entretanto, o cenário voltou a se deteriorar em 2025, após a decisão da China de limitar as exportações de terras raras — medida justificada por “motivos de segurança nacional”, mas interpretada pelos EUA como uma retaliação às restrições tecnológicas impostas a empresas chinesas de semicondutores e inteligência artificial.
O jornal The New York Times destacou que o impasse reflete duas visões opostas: para os Estados Unidos, trata-se de proteger a indústria local e garantir equilíbrio comercial; já para a China, as medidas americanas fazem parte de uma estratégia para conter seu avanço tecnológico e político global.
Analistas de grandes instituições financeiras classificaram a nova tarifa como um choque inesperado que pode interromper o período de relativa estabilidade econômica dos últimos meses.
O JPMorgan alertou que a medida provocou uma forte correção em ativos de risco, minando as esperanças de uma trégua comercial. O banco também destacou que o governo norte-americano enfrenta um shutdown parcial e impasses orçamentários, o que amplia a incerteza política e limita respostas rápidas ao mercado.
O Goldman Sachs observou que a reativação da disputa comercial deve aumentar a volatilidade dos juros e afetar estratégias de investimento baseadas em estabilidade econômica. Já o Morgan Stanley classificou a reação de Trump como “um lembrete de que a segurança nacional seguirá no centro da política econômica americana”, influenciando decisões sobre tecnologia, comércio e investimentos.
A nova rodada de tarifas reforça o risco de reversão no comércio internacional, impactando cadeias produtivas globais, principalmente nos setores de tecnologia, indústria e agricultura. Custos mais altos para as empresas americanas podem pressionar preços ao consumidor e dificultar o controle da inflação nos Estados Unidos.
Especialistas alertam ainda para possíveis retaliações da China, que poderiam afetar exportadores agrícolas e industriais americanos, aumentando o risco de desaceleração global.
Para investidores e governos, a mensagem é clara: a rivalidade entre Estados Unidos e China continua sendo um dos principais fatores de risco da economia mundial — com reflexos diretos em países emergentes, como o Brasil.
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Tags: EUA, China, Donald Trump, Xi Jinping, guerra comercial, tarifas de importação, economia global, mercado financeiro, sanções econômicas, terras raras, tecnologia, semicondutores, política internacional, volatilidade, inflação nos EUA, geopolítica, comércio exterior