

Porto de Yantian em Shenzhen, China | Foto: REUTERS/Tingshu Wang/ File Photo
16 de novembro de 2025 – A mudança no cenário do comércio internacional tem elevado as preocupações de governos em todo o mundo diante de uma possível “enxurrada” de produtos chineses em novos mercados. Enquanto as exportações da China para os Estados Unidos caíram quase 18% nos primeiros 10 meses deste ano, as vendas externas para outras regiões cresceram 5,3%, segundo dados alfandegários chineses.
O empresário Derek Wang, de 36 anos, que vende utensílios de cozinha inteligentes na província de Guangdong, sentiu o impacto imediato do tarifário norte-americano. Com as encomendas reduzidas, ele encontrou alternativas no Brasil, Japão, Malásia e Camboja. Segundo ele, a grande lição desse período foi clara: “Nada é mais importante do que os mercados próximos a nós.”
Casos como o de Wang se repetem pelo país, enquanto Pequim reforça sua estratégia de fortalecimento das exportações para regiões emergentes, especialmente América Latina, África e países da ASEAN.
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O redirecionamento das vendas externas deu novo impulso ao comércio chinês e fortaleceu a posição de Pequim nas negociações com Washington. Em outubro, os líderes Donald Trump e Xi Jinping acordaram uma trégua que reduziu as novas tarifas sobre produtos chineses para 20%, evitando uma escalada ainda maior.
Apesar do acordo, a tendência de expansão das exportações chinesas para novos destinos deve fazer com que a China supere o superávit global de quase US$ 1 trilhão registrado no ano passado — um movimento que já preocupa governos e organismos internacionais.
Nos primeiros meses de 2025, a China registrou aumento de:
Máquinas industriais, componentes eletrônicos, fertilizantes químicos, veículos elétricos e tecnologias verdes lideram a lista de produtos comercializados.
Especialistas afirmam que a China consolidou sua posição graças a décadas de investimentos em infraestrutura logística global, ampliada pela Iniciativa Cinturão e Rota, que financiou portos, ferrovias e rodovias em países parceiros.
O avanço chinês, no entanto, tem provocado reações. Governos passaram a instaurar investigações antidumping e medidas compensatórias diante do aumento de importações de produtos chineses. Somente no primeiro semestre deste ano, EUA, Índia, México e Brasil abriram 79 processos do tipo, segundo a Organização Mundial do Comércio.
No Sudeste Asiático, autoridades já classificam o fenômeno como um “tsunami de produtos chineses” que ameaça indústrias locais. Na América Latina, cresce o receio de desindustrialização, sobretudo onde investimentos de fábricas chinesas se concentram na fase de montagem, sem transferência de tecnologia.
Mesmo com resultados positivos, analistas alertam que parte das exportações pode representar apenas estoque deslocado para fora da China, enquanto empresas aguardam o desenrolar das negociações comerciais globais. Estudos indicam que quase um quarto dos produtos desviados das rotas originais pode continuar chegando aos Estados Unidos por meio de países intermediários.
Com margens comprimidas e a economia global instável, muitas empresas chinesas agora também voltam seus esforços ao mercado interno, como no caso de Derek Wang, que afirma direcionar parte crescente de sua produção aos consumidores chineses.
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