O Museu de Mariana, localizado na cidade histórica do mesmo nome, em Minas Gerais, deverá ter sua primeira unidade funcionando para o público no próximo ano. A expectativa é que ainda em 2023, a segunda unidade esteja pronta para também entrar em operação.
A obra, que terá apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no valor de R$ 3,075 milhões, prevê restauração física de um imóvel construído no século 18, na Rua Direita, onde funcionará a segunda unidade do equipamento cultural. Os recursos, não reembolsáveis, serão aplicados também em ações de educação patrimonial e no desenvolvimento de um roteiro turístico da cidade, antiga capital mineira.
Com valor total de R$ 6,15 milhões, o projeto será desenvolvido pelo Instituto Pedra, organização sem fins lucrativos, em parceria com o município de Mariana. O restante será dividido entre o Instituto Cultural Vale (R$ 2,02 milhões), o município de Mariana (R$ 783,24 mil) e o Instituto Pedra (R$ 267 mil), que desenvolveu o projeto arquitetônico.
O projeto é o primeiro aprovado entre 21 propostas pré-selecionadas pela chamada Resgatando a História 2021, programa do BNDES em parceria com a iniciativa privada que aplicará em torno de R$ 309,8 milhões em trabalhos de restauro e conservação no país. A lista dos 21 projetos pré-selecionados e dos que compõem o cadastro de reserva está disponível neste link.
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O diretor adjunto do Instituto Pedra, Norton Ficarelli, responsável pela primeira unidade do museu, disse que as obras de restauro arquitetônico da Casa do Conde de Assumar foram concluídas no fim do ano passado e que, ao longo do ano de 2022, começam os procedimentos para implantação da museografia e expografia desse espaço cultural.
Decreto da prefeitura de Mariana criou o museu em termos jurídicos e institucionais neste ano. “A primeira unidade deve ficar pronta em 2023 e vai contar a história da cidade desde a sua origem até o início do século 20”, disse Ficarelli.
A segunda unidade, que funcionará em um casarão na Rua Direita, foi selecionada pelo programa Resgatando a História. Ali, o escopo é semelhante ao da Casa do Conde de Assumar, explicou o diretor do Instituto Pedra. As obras incluem o restauro do imóvel, cujo projeto arquitetônico foi feito pelo próprio instituto, e a implantação da museografia, “porque o casarão é complementar à primeira unidade do museu”.A unidade é menor do que a Casa do Conde de Assumar e será focada na história da cidade nos séculos 20 e 21, até o desastre da Barragem de Mariana.
O projeto museográfico da primeira parte do museu já foi concluído. A produção é da empresa Expomos, contratada pela prefeitura local, que está produzindo também o projeto da segunda unidade. Ficarelli explicou que o projeto cultural da Rua Direita será viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet e tem que estar aprovado para receber os recursos do BNDES.
De acordo com Ficarelli, o projeto já teve aprovação inicial pela Lei de Incentivo à Cultura e, nos próximos meses, passará por análise orçamentária, de escopo e jurídica da Secretaria Nacional de Cultura, junto com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Com a aprovação final, o projeto estará apto a receber os recursos. O contrato com o banco ainda não foi assinado.
O diretor do Instituto Pedra espera que o projeto da segunda unidade do Museu de Mariana comece no segundo semestre deste ano, com as obras de restauro. O término do empreendimento está previsto para o fim de 2023. Após a conclusão dos trabalhos, a prefeitura de Mariana assumirá a gestão do museu.
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O diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental do BNDES. Bruno Aranha, destacou que Mariana tem importante conjunto arquitetônico colonial brasileiro, reconhecido como patrimônio nacional desde 1938. Ele disse que o banco já apoia diversas iniciativas no município e que a implantação do Museu de Mariana complementará essa atuação, “permitindo compreender a cidade como legado patrimonial.
Com ações voltadas para educação patrimonial e o desenvolvimento de um programa turístico no centro histórico, o BNDES vai contribuir para a diversificação econômica do município, que hoje está concentrado na mineração, acrescentou Aranha.
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A restauração do casarão da Rua Direita, onde funcionará a segunda unidade do Museu de Mariana, complementa a recuperação da Casa Conde de Assumar. O projeto envolve implantação de espaço para exposições, instalação de auditório, adequação do espaço para portadores de necessidades especiais e ações de prevenção e combate a incêndios, entre outras iniciativas, informou o BNDES.
No local, deverão ser realizadas exposições que contem principalmente a história do município a partir do século 20, considerando aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais, com destaque para as atividades de mineração e suas relações com a região.
Entre os temas que deverão ser abordados, está o desastre ambiental provocado pelo rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração no distrito de Bento Rodrigues, em 2015. Os impactos da tragédia são sentidos até hoje no município.
O projeto expográfico (conjunto de técnicas para desenvolvimento de uma exposição) prevê uso de conteúdos multimídia, como dispositivos interativos e audiovisuais.
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O programa Resgatando a História é uma ação conjunta do BNDES, da empresa de bebidas Ambev, do Instituto Neoenergia e do Instituto Cultural Vale, entre outras entidades, e tem o objetivo de viabilizar apoio a 21 projetos de restauro e revitalização do patrimônio histórico nacional escolhidos por meio de seleção pública.
Os aportes do BNDES são oriundos do Fundo Cultural da instituição e podem contar com incentivos fiscais da Lei Federal de Incentivo à Cultura, desde que os projetos sejam aprovados no Programa Nacional de Incentivo à Cultura (Pronac), o que constitui condição prévia para a aprovação final e o desembolso dos recursos.
As propostas provenientes das regiões Norte e Nordeste poderão contar com maior participação financeira do banco, visando refletir as regras da seleção, que buscam estimular as iniciativas regionais com mais dificuldade de captação.
Ao longo dos últimos 24 anos, o BNDES investiu mais de R$ 600 milhões em projetos de restauro, preservação e revitalização de cerca de 200 monumentos localizados em todas as regiões do país.
Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro
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