

A investigação mostrou que todos os produtos irregulares compartilhavam a mesma fórmula base, fabricada pela farmacêutica Wild Child Laboratories | Foto: Heidi Kiss/Pixabay
05 de outubro de 2025 — Um escândalo envolvendo a eficácia de protetores solares abalou a Austrália e levantou preocupações globais sobre a confiabilidade dos testes clínicos que certificam a segurança desses produtos. A Administração de Produtos Terapêuticos (TGA), órgão regulador do governo australiano, constatou que mais de 20 produtos não ofereciam o nível de proteção indicado no rótulo, levando 18 fabricantes a suspender as vendas.
O caso teve início em junho, quando a entidade de defesa do consumidor Choice testou 20 marcas populares e descobriu que apenas quatro apresentavam Fator de Proteção Solar (FPS) compatível com o que informavam na embalagem.
A investigação oficial, concluída em 30 de setembro, revelou irregularidades graves: alguns produtos que anunciavam FPS 50+ “provavelmente não tinham um FPS superior a 21”. Em um dos casos, um protetor rotulado como de alta proteção oferecia apenas FPS 4.
Após a divulgação do relatório, oito marcas recolheram voluntariamente os produtos, dez tiveram a comercialização suspensa pela TGA, dois seguem em análise e um não é vendido na Austrália.
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A investigação mostrou que todos os produtos irregulares compartilhavam a mesma fórmula base, fabricada pela farmacêutica Wild Child Laboratories. A falha, porém, não estava na produção, mas nos testes realizados pela americana Princeton Consumer Research (PCR Corp), responsável por certificar o FPS.
Diante do escândalo, a Wild Child rompeu o contrato com a PCR Corp, e outras farmacêuticas seguiram o mesmo caminho. Em nota, a PCR Corp alegou que fatores externos — como variação entre lotes, diferenças na matéria-prima e armazenamento — poderiam ter afetado os resultados reais, defendendo a integridade de seus testes de laboratório.
Na Austrália, protetores solares são classificados como produtos terapêuticos, o que exige comprovação de eficácia e rotulagem precisa. A preocupação é ainda maior porque o país possui a maior taxa de câncer de pele do mundo — somente em 2024, quase 19 mil australianos foram diagnosticados com melanoma.
Especialistas alertam que o impacto pode ultrapassar fronteiras, já que a PCR Corp também certificava produtos exportados para outros países. O caso expõe falhas graves na regulação e riscos diretos à saúde pública, colocando milhões de consumidores em potencial situação de vulnerabilidade.
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