

Torres terá cela individual e rotina diferenciada no 19º BPM | Foto: Evaristo Sá/AFP
26 de novembro de 2025 — O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres é o único entre os oito réus condenados definitivamente pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por participação no núcleo central da trama golpista a iniciar o cumprimento de pena no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Condenado a 24 anos de prisão, Torres foi encaminhado ao 19º Batalhão da Polícia Militar do DF — conhecido como “Papudinha” — onde terá direito a uma cela individual e às prerrogativas previstas para quem possui Sala de Estado-Maior.
Torres, que chefiou a segurança pública tanto no governo Jair Bolsonaro quanto no Distrito Federal, assumiu a Secretaria de Segurança do DF dias antes dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Como ex-dirigente das forças de segurança, ele tem direito a instalações especiais, conforme determina a legislação.
A decisão para que Torres iniciasse o cumprimento da pena na Papudinha foi do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito. O prédio militar fica ao lado dos blocos principais da Papuda e é destinado a militares, presos com direito a Sala de Estado-Maior e autoridades.
>>>SIGA O YOUTUBE DO PORTAL TERRA DA LUZ <<<

O Núcleo de Custódia da Polícia Militar (NCPM), onde Torres está detido, tem capacidade para 60 internos e abriga militares estaduais, presos aguardando possível perda de cargo e civis que, por lei, têm direito a instalações diferenciadas. No início de novembro, 52 pessoas cumpriam pena no local.
Ao todo, o batalhão possui oito alojamentos coletivos — com banheiro, chuveiro, cozinha, lavanderia, quarto e sala — mas Torres ficará em cela individual, conforme prerrogativas legais. As instalações passaram por reformas em 2020, são ventiladas e recebem higienização diária.
Presos podem receber itens de higiene e roupas definidos pela administração penitenciária, além de terem acesso a ventiladores e televisores, conforme o regulamento. A Papudinha oferece ainda pista de caminhada exclusiva e área de esportes.
As visitas ocorrem duas vezes por semana, seguindo o mesmo calendário dos demais internos. A visita íntima também é permitida, conforme a Lei de Execução Penal. Há ainda atendimento médico periódico, acompanhamento espiritual pela Capelania Militar e possibilidade de usar leitura e trabalho para remição de pena. Segundo a PM, o cardápio de quem ocupa Sala de Estado-Maior é diferenciado em relação ao dos demais detentos.
A Primeira Turma do STF condenou Anderson Torres por 4 votos a 1. O tribunal concluiu que ele participou da organização que tentou impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e promover ruptura democrática no período entre o fim de 2022 e o início de 2023.
A Polícia Federal identificou sua atuação em dois núcleos:
– Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral: responsável pela produção e disseminação de notícias falsas sobre a lisura das eleições de 2022;
– Núcleo Jurídico: responsável por documentos e minutas que buscavam legitimar juridicamente a ruptura institucional.
Leia também | Defesas contestam execução imediata das penas de Bolsonaro e outros réus da trama golpista
Tags: Anderson Torres, Papudinha, Complexo da Papuda, STF, Alexandre de Moraes, tentativa de golpe, Sala de Estado-Maior, segurança pública, Jair Bolsonaro, 8 de janeiro, política brasileira, justiça, Brasília, Polícia Militar do DF, execução penal, direito penal, desinformação, núcleo jurídico, eleições 2022, democracia, crise institucional, remição de pena, sistema prisional, investigação federal