

Flavinho luta desde os 7 anos de idade, mas, aos 9, sofreu acidente em um moedor de carnes e perdeu o membro. No entanto, ele continuou lutando e ganhou diversas medalhas | Foto: reprodução
O atleta Flávio Farias, de 17 anos, lutador de Minas Gerais e integrante da Seleção Brasileira de Karatê, foi eliminado, na noite dessa sexta-feira (22/04), do Campeonato Sul-Americano de Karatê. A competição é realizada no Ginásio Voltaire Paladines, em Guayaquil, no Equador. Flavinho, como é conhecido, estava pronto para lutar quando o Carlos Periasco Uruguaio percebeu que ele não tem uma das mãos e o desclassificou.
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A decisão do juiz causou revolta entre os atletas de todas as delegações, que consideraram o ato discriminatório. Mas ele não voltou atrás na decisão. Flavinho é natural de Passos, no Sul de Minas Gerais, e luta desde os 7 anos de idade. Aos 9, sofreu acidente em um moedor de carnes e perdeu a mão. Mesmo com a deficiência, o atleta mineiro seguiu a carreira como lutador e conquistou várias medalhas.
“A luta foi paralisada pelo árbitro que estava sendo chefe daquele koto [local onde acontece a luta] porque ele não tem uma das mãos. Flavinho é o único atleta que a seleção brasileira tem que não possui um dos membros. Ele conseguiu ganhar a seletiva nacional, representar o Brasil e não é a primeira vez que lutou pelo Sul-Americano”, contou Reinaldo, treinador de Flavinho
Ao ser impedido de lutar no local, a delegação brasileira interrompeu pacificamente o Sul-Americano. Após a mobilização, o lutador ficou bastante emocionado e começou a chorar. Ele chegou a ser consolado por outro atleta que estava no local.
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Em 2019, Flavinho participou da mesma competição, que foi realizada em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, e ficou com o 3º lugar. Além disso, chegou a se classificar para o Panamericano, em Guayaquil, quando tinha 14 anos, mas não conseguiu vencer o campeão da categoria que é dos Estados Unidos (EUA).
“Hoje ele tem 17 anos, conseguiu ganhar a seletiva, representar o Brasil, mas ele foi desprezado”, lamentou o treinador, que acrescentou que o impedimento não está na regra da Federação Mundial de Karatê (WKF). “Recebi hoje ligação do presidente da Federação Mineira, que já conversou com o ex-presidente da Confederação Brasileira […] Ele já entrou com todo recurso do jurídico contra a pessoa que fez isso, contra a parte do evento e já comunicou a Federação Mundial de Karatê. Eles estão unidos lá em prol do Flavinho, coisa que até me deixou mais calmo, graças a Deus”, disse.
A Seleção Brasileira é representada por delegações de 14 estados, totalizando 81 caratecas, nas provas que acontecerão até o dia 24 de abril.
A Federação Cearense de Karatê, que levou sete atletas para a competição Sul-Americana em Guayaquil, emitiu uma nota de repúdio à decisão do árbitro. Veja abaixo:

Os atletas brasileiros decidiram permanecer na competição. “Eles não vão se retirar porque tem vagas de bolsa atleta e tem vagas para outra competição em jogo (Pan-Americano, no México, em julho). Eles decidiram que iriam competir até como uma forma de homenagear o Flavinho e se conquistarem algum ouro, deve ter alguma manifestação de apoio a ele”, informou o presidente da Federação Cearense de Karatê (FCK), Luiz Carlos Cardoso Júnior.
Atualmente, o Brasil é campeão Sul-Americano e Pan-Americano no Karatê, despontando em três finais nos Jogos Pan-Americanos Lima 2019.
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