Das unidades da Secretaria da Saúde do Ceará, Sesa, no Interior, o Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), em Quixeramobim, foi o primeiro a captar órgãos em 2023. Familiares de pacientes com morte encefálica internados no equipamento autorizaram a doação de fígados e rins nos últimos dias 5, 6 e 10 de janeiro.
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Os procedimentos foram realizados por equipes do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), complexo da rede federal de Saúde. O transporte dos órgãos até Fortaleza teve auxílio de um helicóptero da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) da Polícia Militar (PMCE).
Nos últimos dois anos, o HRSC, administrado pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), destacou-se por notificações de doadores com morte cerebral à Central Estadual de Transplantes (CET) e por captações de órgãos e tecidos no interior cearense. Das 35 potenciais doações em 2022, 19 órgãos foram recolhidos. O êxito nos procedimentos também foi observado em 2021, quando houve 22 notificações e quatro captações.
No HRSC, a equipe atua desde 2019 com médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais. Os profissionais são responsáveis por informar e viabilizar o diagnóstico de pacientes junto à CET.
A enfermeira da CIHDOTT Shérida Braga pontua o avanço da sensibilização sobre a doação no HRSC. “Houve um significativo amadurecimento da Comissão e da disseminação do processo, resultando no crescente número de notificações e captações”, avaliou.
Em 2022, 1.662 transplantes foram realizados no Ceará, somando órgãos, tecidos (córnea, esclera e valva cardíaca) e células (medula óssea).
Na Capital, o Hospital Geral de Fortaleza (HGF) já captou fígado, rins e córneas na primeira semana deste ano. A unidade gerida pela Fundação Regional de Saúde (Funsaúde Ceará) é referência em transplantes de fígado, pâncreas, rins e córneas.
Coordenadora da CIHDOTT do HGF, Márcia Vitorino explica que o trabalho exige uma ação integrada da equipe multiprofissional, além de constante sensibilização de familiares. Por isso, a gestora ressalta a importância da prévia comunicação sobre o desejo de doar.
Em dezembro de 2022, o HGF realizou o XIII Encontro de Famílias Doadoras de Órgãos e Tecidos. Na ocasião, a superintendente do hospital, a médica Ivelise Brasil, pontuou a grandeza do gesto altruísta.
“Dar luz aos olhos; dar ar a quem precisa respirar; dar um coração batendo firme a quem precisa caminhar, trabalhar, viver; dar um rim a quem precisa sair da hemodiálise; dar um fígado a alguém na linha da morte, na corda bamba; dar um pâncreas àquela pessoa que todo dia leva milhares de picadas de insulina para sobreviver”, disse.
Shérida Braga reforça a relevância da atitude para quem aguarda um sinal de esperança. “Dizer ‘sim’ [para a doação] após a perda de um ente querido pode ser doloroso, mas pode mudar a vida de pessoas que esperam por um transplante”.
A autorização da família para a doação permitiu à fisioterapeuta continuar a viver. “A hemodiálise é um tratamento muito desgastante. Fui abençoada por essas pessoas, então, sinto-me muito grata porque, mesmo em meio à dor de perder alguém, tiveram esse ato de amor”, afirmou.
Filha da primeira paciente doadora de órgãos do HRSC, Cintya Nara Amâncio pensou na dedicação da mãe em ajudar outras pessoas quando resolveu concordar com a doação de órgãos, beneficiando cinco famílias. “Minha mãe sempre ajudou o próximo, e foi esse ensinamento dela que me ajudou a passar por isso: poder mudar a vida dos outros; saber que ela continuará viva em outras pessoas”.
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