O Chronus, chamado de “Passaporte da vacina”, é uma carteira digital de vacinação que pode auxiliar passageiros nos desembarques
Em meio à toda turbulência provocada pela crise sanitária gerada pela Covid-19, um novo aplicativo de celular surge como uma ferramenta para facilitar a vida de passageiros em viagens nacionais e internacionais. O Chronus i-PassPort, que vem sendo chamado de “Passaporte da Vacina” se apresenta como um cartão virtual que permite às pessoas acessarem locais mediante a certificação de que não apresentam perigo de contaminar outras com o Novo Coronavírus.
O aplicativo é uma criação do desenvolvedor Everton Cruz e tem como objetivo ajudar a população e governos no combate à pandemia por meio da junção do caderno de vacinação com passaporte de viagens. “Ele é uma carteira de vacinação digital que registra todas as vacinas que a pessoa tomar, mas, no momento, estamos focando na Covid-19”, afirma Cruz.
A ideia para elaborar esse aplicativo surgiu a partir da necessidade do próprio inventor tem de realizar constantes viagens a países da África, onde ele atua como consultor para cidades inteligentes. “Toda vez que eu ia para esses locais, eu precisava apresentar o meu certificado de profilaxia internacional”, lembra.
O app funciona da seguinte forma: ao fecharem parcerias com a empresa, os governos enviam os dados de vacinação dos cidadãos para que ela certifique quem está habilitado a transitar sem riscos de infecção a outros. Caso determinada localidade não seja parceira, o próprio indivíduo pode criar um pré-cadastro no site enviando uma foto da sua carteira de vacinação para validação dos dados. Se as informações forem reais, em até dois dias a pessoa pode baixar o aplicativo e utilizá-lo.
A solução valida o status de infecção do indivíduo após o seu registro de vacinação ou a realização de teste de anticorpos fornecido por um médico ou instalação médica. Os status dos usuários são registrados em QR Codes, que, verificados através de escaneamento, liberam o acesso aos espaços daqueles que tiverem sido imunizados ou testados e atestados que não possuem a doença.
Empresas também podem adotar a solução para que seus funcionários e pessoas que transitam pelos seus ambientes tenham mais segurança. “Nós homologamos uma série de parceiros pelo país autorizados a realizar os testes para Covid-19, como o laboratório Fleury e farmácias (três mil têm autorização para realizar testes). “Quando o resultado do teste é emitido, o indivíduo recebe uma notificação por SMS. Ao acessar o app com seu CPF e telefone, já aparecerá seu passaporte atualizado com o resultado”, diz Cruz.
Apesar da maioria da população brasileira possuir smartphones, muitos ainda não possuem planos de dados móveis que permitem um grande volume de utilização de sites e apps. Em relação a essa questão, Cruz diz que está sendo feito um trabalho junto aos grupos de telefonia para que seja liberado gratuitamente o uso de dados para o app, já que ele constitui um serviço de utilidade pública. “Hoje nós doamos a solução às cidades e estados no Brasil. No futuro, queremos ganhar dinheiro com o mercado privado. Ou conseguimos um patrocinador ou as próprias empresas financiam. Hoje nós bancamos os dados e para cada 100 mil usuários gastamos R$ 6 milhões”, explica Cruz.
Para ele, é necessária uma conscientização da população para que, desta forma, o Governo Federal compreenda a necessidade dessas ações de controle para o retorno mais rápido possível à normalidade.
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O aplicativo possui também uma função de rastreamento que notifica o usuário caso ele tenha tido contato com alguém contaminado. “O usuário que tiver tido contato com alguém que apresentou um teste positivo para Coronavírus será informado desse contato, mas sem a identificação dessa pessoa contaminada”.
No Brasil, devido à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), o usuário pode desligar a função de rastreamento para notificação, ficando com o passaporte de vacinação virtual. Em países como Israel, onde a solução é usada em todo o país, essa função não pode ser ativada devido às legislações locais. “A principal função do app é identificar as pessoas testadas e vacinadas e, ao identificá-las, criar uma credencial de acesso. É uma identificação, mais do que a questão do rastreamento”, contextualiza Cruz.
Os dados dos usuários ficam armazenados segundo a legislação local de cada país em servidores. “Para evitar vazamentos, realizamos uma série de auditorias nos servidores com parâmetros utilizados em todo o mundo. No Brasil, fomos contratados pelo segmento financeiro, que, inclusive, tem uma grande preocupação com segurança. E dia sim, dia não, eles pedem a realização de testes. Gastamos mais de 600 horas por mês com segurança da informação”, afirma.
O app pode ser utilizado em vários locais, como prédios públicos, empresas, shoppings, restaurantes, fábricas, supermercados, universidades, escolas, aeroportos e eventos públicos ou privados. “Qualquer lugar que possuir condições de verificar a identidade e o status de saúde das pessoas pode utilizar a solução”.
Cruz relata que a empresa fez parceria com cidades do sul da França, do Vietnã e com o governo de Israel para validar a solução. No Brasil, alguns estados aderiram ao seu uso, como o Distrito Federal e Alagoas. Ele ainda cita algumas cidades como Guarujá, em São Paulo, e Afogados de Ingazeira no Pernambuco. “Estamos conversando com o Sebrae para que a solução seja adotada em toda a sua rede nacional”, diz Cruz.
Já o advogado, profissional da área de patentes, marcas e negócios e sócio do Chronus i-PassPort, Jonas Carlos Girão, diz que a empresa fez parceria com o governo de São Paulo para a realização de um evento para duas mil pessoas. Além disso, ele aponta que estão ocorrendo conversas com o governo da Bahia.
A NFL, liga de futebol americano, utilizou o aplicativo para realizar a final do Super Bowl, evento que reuniu 25 mil pessoas. No Brasil, clubes de futebol também têm se interessado pelo app. “Todos os clubes da Série A do campeonato brasileiro concordam com a utilização do passaporte”, afirma Girão. “No caso dos clubes, eles podem chamar suas torcidas que já tomaram a vacina para realizar os cadastros e colocar os dados no passaporte. Assim, verificamos com o SUS as informações e validamos os passaportes. Dessa forma, essas pessoas já podem voltar a frequentar estádios, shoppings e outros estabelecimentos que exigem a solução”, defende Cruz.
A falta de preocupação com a saúde dos consumidores e cidadãos por parte de alguns empresários e grupos empresariais pode gerar obstáculos. O criador do i-PassPort conta que conversou com representantes de alguns shoppings nacionais e que não houve o interesse pelo app. “Eles falaram que já tinham permissão para abrir e que mediam a temperatura das pessoas, mas eu disse que 60% dos doentes com Coronavírus são assintomáticos e que o termômetro não identifica isso. O que eles me disseram é que isso é um problema da pessoa e que eles precisam faturar”, relata.
“Acredito que a parte mais difícil no Brasil será comunicar de forma clara para a população que isso é uma carteira de vacinação digital. Precisamos informar que irá proteger a saúde dos outros e que isso reativará a economia”, reflete Cruz.
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