A prefeitura do Rio de Janeiro decidiu cancelar os blocos de rua no carnaval de 2022. A decisão foi tomada levando em conta os dados epidemiológicos, que apontam para um novo aumento de casos de covid-19 após um período de quedas. Representantes de diversos blocos foram informados pelo prefeito Eduardo Paes durante uma reunião na tarde da terça-feira (4/01). Em seguida, Paes falou sobre o assunto em uma live.
“O carnaval de rua nos moldes que eram feitos até 2020, já não aconteceu em 2021 e não vai acontecer em 2022. Eu falo aqui como um prefeito que gosta de carnaval, como um cidadão, mas infelizmente a gente não pode fazer”, disse.
Segundo o prefeito, os desfiles no sambódromo estão mantidos, bem como também poderão ocorrer bailes em locais fechados. Um protocolo de controle para o público ainda será detalhado. Estar em dia com a vacinação será um dos pré-requisitos para poder acessar esses eventos. O uso de máscara também será necessário.
“Se podemos ter jogos do Flamengo no Maracanã e jogos do Vasco em São Januário, podemos ter desfile da Portela, da Mangueira, do Salgueiro, da Beija-Flor no estádio do samba que é a Marquês de Sapucaí. Basta que os protocolos adotados para o futebol sejam transferidos. Isso também vale para as festas em espaço fechado, onde você tem como estabelecer controle. O carnaval de rua, pela sua própria natureza e pelo aspecto democrático que tem, gera a impossibilidade de exercer qualquer tipo de fiscalização”, acrescentou Paes.
O cancelamento de eventos de carnaval devido à covid-19 tem se tornado uma realidade em todo o país. Os 29 municípios que fazem parte da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais tomaram essa decisão por unanimidade. O governo da Bahia também desautorizou eventos nas cidades baianas. No estado do Rio de Janeiro, Niterói e Maricá já seguiram o mesmo caminho.
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Alguns blocos tradicionais da capital fluminense como a Banda de Ipanema e o Bloco da Preta, que arrastam multidões, já haviam informado que não desfilariam neste ano. Outros aguardavam um posicionamento do poder público, como os 11 vinculados à Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro (Sebastiana), uma das entidades presentes na reunião com o prefeito.
O carnaval de rua do Rio de Janeiro mobilizou nos últimos anos em que ocorreu cerca de 450 blocos, demandando uma preparação prévia de diversos órgãos públicos como a Guarda Municipal, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio), a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Conlurb), entre outros. Também requer estrutura, por exemplo, para a disponibilização de banheiros químicos.
Através de uma chamada pública, a cerveja Brahma havia fechado um patrocínio de R$39 milhões. Segundo Paes, a empresa Ambev, responsável pela marca, cobrou nas últimas semanas uma decisão definitiva para que houvesse tempo hábil de planejar a eventual montagem da estrutura.
A prefeitura concordou que precisava dar uma resposta e chegou a oferecer uma proposta alternativa à patrocinadora e aos blocos: concentrar em três espaços públicos a apresentação dos blocos, com distribuição gratuita de ingressos, cobrança da comprovação vacinal e testagem prévia. Os locais sugeridos eram o Parque Olímpico, na Barra da Tijuca; o Parque Madureira, na zona norte; e mais um local na zona oeste a ser definido.
A proposta, no entanto, não seduziu representantes dos blocos, que enfatizam a ligação com os territórios tradicionais por onde desfilam. A prefeitura informou estar aberta a contrapropostas que sejam consideradas viáveis.
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Segundo o secretário municipal de saúde, Daniel Soranz, o aumento de casos está relacionado com a Ômicron, nova variante do coronavírus causador da covid-19. Ela já vinha se alastrando na Europa desde novembro. Segundo Soranz, a Ômicron se dissemina de forma mais rápida, mas não tem gerado aumento de casos graves.
“Tinha 17 semanas que registrávamos redução dos casos de covid-19. De repente, a gente começa a ter um aumento de novos casos e isso é indicativo de uma nova variante. Toda vez que temos uma nova variante chegando significa que teremos mais casos. Felizmente esses casos não estão gerando aumento de casos graves, óbitos e internações. Claro que isso ainda é precoce, estamos avaliando”, disse.
O secretário enfatizou a importância da terceira dose da vacina. No Rio de Janeiro, ela já foi aplicada em 30,4% da população com 18 anos ou mais. Soranz comentou ainda sobre os riscos de dupla infecção, diante do surto de gripe, que se tornou uma nova fonte de preocupação no início do mês passado. Segundo ele, 17 casos suspeitos de contaminação simultânea de covid-19 e de gripe estão sendo investigados.
“São casos isolados. Não é algo que tenha relevância epidemiológica. Não tem nenhum tipo de característica de que isso será uma regra. Pelo contrário, a epidemia de gripe não existe mais na cidade. Temos 82% a menos de casos do que tínhamos na primeira semana de dezembro”, afirmou.
Por Léo Rodrigues – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro
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