Uma pesquisa realizada no mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Universidade Federal do Ceará (UFC) faz um alerta importante a todas as pessoas que costumam realizar banho de lua, tratamento estético de clareamento dos pelos. O trabalho apontou fortes indícios de que a solução utilizada no procedimento – peróxido de hidrogênio (água oxigenada) e amônia – é fator de risco para o desenvolvimento de câncer de medula (leucemia) e de síndrome mielodisplásica (SMD), distúrbio relacionado à produção de células sanguíneas.
“Alguns estudos já indicavam uma possível associação entre o uso dessas substâncias com câncer de medula óssea. Agora, nosso trabalho trouxe mais indícios de que a combinação peróxido de hidrogênio e amônia pode ser fator de risco para o câncer”, diz a pesquisadora Letícia Rodrigues, responsável pelo trabalho.
“Sem dúvida nenhuma, temos um alerta para a comunidade científica. São indícios fortes de que o banho de lua pode induzir alterações no DNA e na medula óssea, o que pode levar a uma leucemia aguda”, diz o orientador do trabalho Prof. Ronald Feitosa, da Faculdade de Medicina da UFC, e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Atualmente, o banho de lua conta com autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
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Os dois pesquisadores são unânimes em afirmar que isso não quer dizer que necessariamente uma pessoa que fez uso do banho de lua desenvolverá câncer. Mas que as pessoas devem estar atentas para a frequência e concentração da água oxigenada e amônia utilizadas. “Como a gente trabalha com prevenção, é bom evitar o uso do banho de lua e de outros procedimentos que utilizem essas substâncias químicas, como a tintura”, diz Letícia.
A história da pesquisa começa em 2019, quando o Prof. Ronald teve contato com uma paciente de 22 anos com SMD hipoplásica, cuja medula não conseguia mais produzir células sanguíneas, e que não tinha nenhum caso de câncer na família. A jovem faleceu pouco tempo depois, deixando um filho de seis meses. Além do terrível drama humano, a história chamou a atenção dos pesquisadores para um fator externo: a paciente havia relatado que fazia banho de lua semanalmente, por períodos de até quatro horas.
Mais detalhes sobre como foi realizada a pesquisa e os seus resultados podem ser conferidos na matéria completa na Agência UFC (https://encurtador.com.br/91owY), canal de divulgação científica da Universidade.
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