Vista aérea da Beira Mar de Fortaleza, onde está localizada a maioria dos hotéis da capital cearense | Foto de drone: Alyson Pontes
Os números mostram uma crescimento ainda lento, mas depois de mais de um ano difícil, sem negócios por causa da pandemia do novo Coronavírus, já são um alento para os empresários do setor hoteleira.
Dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) revelam que houve um incremento na ocupação de leitos nos últimos meses. Em junho, os hotéis de Fortaleza (CE) tiveram ocupação média de 43%. Em Recife (PE), chegou a 42%; 41% em Natal (RN) e 36% em Salvador (BA).
A expectativa para o mês de julho é um pouco melhor, em virtude das férias escolares. A ABIH projeta uma ocupação de 51% em Natal e de até 55% em Fortaleza.
A retomada não está restrita ao Nordeste, como mostra o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Comparando o mês de maio de 2020 com maio deste ano, o índice de volume de atividades turísticas no Brasil apresentou expansão de 102% em maio. Houve crescimento nas 12 unidades da Federação onde a pesquisa é realizada, com destaque para Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Sul.
Os empresário do ramo de hotéis avaliam que o retorno da atividade é consequência do avanço da vacinação contra a Covid-19 e a consequente diminuição do número de casos e óbitos provocados pela doença.
“Com o andamento da vacinação, a gente entra novamente em um caminho de crescimento”, afirma o presidente da ABIH no Ceará, Regis Medeiros. Ele ressalta a recuperação lenta, mas consistente. “É mês a mês. Já temos sinais de um julho com ocupação bem melhor do que julho do ano passado. Teremos um agosto parecido com julho e um setembro com números crescentes.”
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O avanço gradual é impulsionado pelo turismo de lazer, conforme explica Luciano Lopes, da Abih na Bahia. Destinos como Porto Seguro e Praia do Forte estão entre os mais procurados no estado. “Uma das primeiras demandas após o isolamento é o lazer. Por isso, há uma procura maior por resorts e os destinos de praia, principalmente entre as pessoas que já foram vacinadas”, afirma Lopes.
Os destinos tradicionais do Turismo no Nordeste, com boa infraestrutura de hotéis, já sentem um certo alívio com a chegada de turistas de várias partes do Brasil.
Em Pernambuco, os hotéis das praias de Porto de Galinhas e dos Carneiros já vislumbram os 70% de ocupação, com lotação integral nos finais de semana. O vice-presidente da Associação para o Desenvolvimento Sustentável da Praia dos Carneiros, Danilo Oliveira Lima, comemora: “Estamos com taxa de ocupação acima de 70% em julho e ainda não estamos nem na metade do mês”. Ele destaca que os finais de semana estão lotados até dezembro, considerando o período de sexta a domingo. O desafio é vender diárias para os dias de semana.
Em Pipa, principal destino turístico do Rio Grande do Norte, a divulgação de festas privadas de fim de ano já foi iniciada. Por lá, as atividades turísticas também estão voltando. A empresária Ludmila Abreu, dona de um dos maiores receptivos de passeios turísticos de Pipa, precisou demitir metade dos funcionários no ano passado. Agora, voltou a contratar: “O volume vem surpreendendo”, avalia. Ela ainda não recuperou o que perdeu no período sem atividades, mas aproveitou o tempo para rever processos, fechar contratos terceirizados e avaliar quais serviços valia a pena manter.
Em Maragogi, um dos locais mais procurados do litoral nordestino, em Alagoas, as piscinas naturais costumam ser um bom termômetro para medir a intensidade da atividade turística no local. Aos poucos, mesmo com o período chuvoso, o movimento dos catamarãs, que levam turistas para paisagens paradisíacas no meio do mar, tem aumentado. Assim como nos hotéis da região, as tarifas ainda são mais baixas do que os valores normais.
Leonardo Silva, que ganha a vida levando de buggy turistas para conhecer as paisagens mais bonitas das praias alagoanas, diz que precisou trabalhar com vendas de roupas em 2020. “Agora, voltei. Ainda não é como gostaríamos, mas, se a vacina funcionar mesmo, vou ter que colocar mais gente para trabalhar para mim”, brinca.
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Luciano Lopes, da Abih-BA, é cauteloso sobre a velocidade da retomada. Em sua avaliação, o setor de turismo só atingirá os índices de antes da pandemia no segundo semestre de 2022. E destaca que apenas o avanço da vacinação irá impulsionar o fluxo de turistas.
O retorno a um patamar pré-pandemia dependerá também da retomada do turismo de negócios e dos grandes eventos festivos.
O turismo de negócios, que costuma ser um alento para hotéis nos meses de baixa estação, ainda está praticamente parado: convenções e seminários presenciais estão suspensos, e parte das empresas ainda está em home office. No entanto, algumas capitais, como Recife e Fortaleza, já se preparam para receber as chamadas feiras de negócios. De 20 a 31 de julho, a capital pernambucana vai sediar uma feira de franquias com público reduzido. “O momento é muito desafiador. A gente organizou uma campanha para veicular no segundo semestre destacando a questão do turismo seguro”, diz a secretária de Turismo do Recife, Cacau de Paula.
Os eventos festivos, contudo, ainda estão suspensos em várias capitais. Mas prefeituras e governos estaduais já começam a se preparar para uma retomada gradual nos próximos meses. Em Salvador, a prefeitura prevê a retomada de evento festivos com público reduzido a partir de agosto. Um primeiro evento-teste foi marcado para 29 de julho, com público de 500 pessoas.
A realização de Réveillon e o Carnaval, entretanto, ainda é uma incógnita. “Países que tinham declarado a extinção da máscara precisaram voltar atrás. Então, prefiro aguardar para anunciar uma posição mais segura. É cedo para falar de Carnaval e de Réveillon”, disse o governador da Bahia, Rui Costa (PT). (Folhapress/O Otimista)
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