Quando Diógenes Lima de Castro descobriu que precisaria de um transplante de coração por conta de uma cardiopatia grave, foi tomado pelo medo. Ele tinha muita vontade de viver, mas sabia que poderia demorar até que conseguisse fazer a cirurgia e achou que seu tempo neste mundo se encerraria em seis meses. Mas depois de algum tempo na fila, sofrendo com o cansaço de um coração dilatado, recebeu a boa notícia de que faria o transplante, fruto da solidariedade de uma família que ressignificou a perda dolorosa de um parente com o gesto da doação.
>>>SIGA O YOUTUBE DO PORTAL TERRA DA LUZ <<<
“Tenho amor, respeito e gratidão por essa família que, na hora da dor, tomou essa decisão e salvou a minha vida”, conta Diógenes, seis anos depois de receber o coração. “Sempre que eu falo, represento as seis vidas salvas pelo meu doador”, diz, referindo-se aos seis órgãos que foram doados a pacientes que provavelmente vivem em diferentes cidades do país.
Desde então, todos os anos, Diógenes se empenha em fazer campanha e pregar a importância da doação de órgãos e tecidos. “Virou uma missão de vida, uma forma de agradecimento”, explica. Isso porque ele soube que o dono do coração que hoje bate no seu peito expressou a decisão de ser doador graças a campanhas como a Doe de Coração, realizada há 20 anos pela Fundação Edson Queiroz.
Diferente da maioria dos transplantados, Diógenes pôde conhecer a família de seu doador. A legislação brasileira protege o sigilo tanto do doador quanto do receptor, caso assim desejem. Mas um programa de TV investigou para descobrir doador e receptor, que aceitaram o encontro. “Eu quis muito conhecer. Foi uma das melhores cenas da minha vida”, recorda Diógenes.
A falta de informação adequada ainda leva muita gente a temer a doação de órgãos. Sete em cada dez pessoas até querem ser doadoras, mas apenas a metade comunica à família, que é quem realmente tem o poder de decisão em caso de morte cerebral no Brasil. Os dados são da pesquisa Doação de Órgãos do Instituto Datafolha, divulgada no ano passado.
Durante a pandemia do coronavírus, a quantidade de doações caiu, mas agora já volta a se recuperar lentamente. Diante deste cenário, ações educativas para que a população conheça a segurança da doação de órgãos e tecidos e seu importante papel de salvar ou melhorar vidas ganha importância redobrada. “Dizer sim pra esse ato de solidariedade é muito importante para a sociedade“, defende a coordenadora da campanha Doe de Coração deste ano, Elodie Hyppolito.
Desde 2003, o movimento Doe de Coração desenvolve ações para informar, conscientizar e mobilizar as pessoas sobre a importância de ser doador de órgãos e tecidos. A 20ª edição da campanha foi lançada no dia 5 de setembro, às 9h30, no Auditório da Biblioteca Central da Unifor.
Todos os anos, a campanha é esperada com muita curiosidade sobre a nova marca, cujo redesenho em 2020 foi desenvolvido pelo artista plástico, designer gráfico e ilustrador Mario Sanders. “Meu trabalho está muito voltado pro bordado. O ícone do coração é clássico, então o mantive e trabalhei com elementos da natureza, que acho que é a maior representação da vida, do movimento, do afeto e do amor. A doação é em função da vida. Eu me sinto parte dessa campanha”, conta o artista.
Leia também | Baixa adesão leva Saúde a prorrogar Campanha Nacional de Vacinação