Mulheres negras, mulheres com baixa escolaridade e mulheres da região norte do país são as mais acometidas pelo câncer de colo de útero no Brasil. As informações estão na info.oncollect, publicação inédita da Fundação do Câncer.
Segundo o boletim, o câncer de colo de útero, em sua forma mais grave, acomete 49 a cada 100 mil mulheres no Brasil. Considerada apenas a região norte, a incidência é maior, 79 a cada 100 mil mulheres, a maior taxa do país. A região sudeste registra a menor incidência: 36 a cada 100 mil mulheres.
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Entre os casos analisados, mais de 60% eram em mulheres negras e cerca da metade em mulheres com baixa escolaridade. Considerada apenas a forma mais grave do câncer, 62% dos casos foram registrados em mulheres com baixa escolaridade. O boletim usa dados populacionais e registros de cerca de trezentos hospitais do país de 2005 a 2019.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), aproximadamente uma mulher morre a cada 60 minutos de câncer de colo de útero no Brasil: são 16.370 mil novos casos e 8.079 mortes a cada ano. Na região norte, o número é maior, 15 a cada 100 mil mulheres, enquanto na região sudeste cai para aproximadamente 6 mulheres a cada 100 mil.
De acordo com os pesquisadores, os dados mostram o quanto é desigual o atendimento ao câncer no Brasil, revelando a vulnerabilidade dessas populações e gargalos nos serviços de saúde.
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A principal causa do câncer de colo de útero, segundo o Ministério da Saúde, é a infecção por alguns tipos do vírus HPV (Papiloma Vírus Humano): cerca de 80% da população mundial será acometida por pelo menos um dos tipos de HPV ao longo da vida, e mais de 630 milhões de homens e mulheres (1:10 pessoas) estão infectados. No Brasil, acredita-se que haja de 9 a 10 milhões de infectados por esse vírus e que, a cada ano, 700 mil novos casos ocorram.
“Diante deste cenário alarmante, é fundamental conhecer e prevenir a doença”, afirma Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP, Membro da FEBRASGO e Especialista em Perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, e em Infertilidade e Ultrassom em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO, e médico nos hospitais Albert Einstein, São Luiz e Pro Matre.
Segundo ele, o câncer de colo de útero tem início com alterações na região cervical chamadas de neoplasia intraepitelial cervical (NIC). “Essa neoplasia no útero tem como característica um desenvolvimento lento, que sofre interferências da angiogênese do colo do útero (quando as células tumorais estimulam a formação dos novos vasos sanguíneos necessários para o fornecimento dos nutrientes essenciais para seu crescimento acelerado)”.
O câncer de colo do útero pode ser dos seguintes tipos: carcinoma de células escamosas, que representa 70 a 80% dos casos; adenocarcinoma, de células pequenas e o sarcoma uterino, que é um tumor formado a partir de músculos, gorduras e tecidos fibrosos.
“Esse tipo de câncer uterino geralmente é descoberto quando já está em um estágio avançado. A realização de exames preventivos, como o Papanicolau, aumenta as chances de um diagnóstico precoce e de cura. A colposcopia e a biópsia são exames que também podem ser realizados para o diagnóstico”, orienta Carlos Moraes.
Para o tratamento do câncer de colo de útero podem ser realizados três tipos de procedimentos: cirurgia (como a criocirurgia, cirurgia a laser, conização, histerectomia, traquelectomia, extração pélvica ou dissecção dos linfonodos pélvicos), quimioterapia e radioterapia. “A vacinação preventiva está disponível para a população pelo SUS para meninas de 9 a 14 anos. Vale lembrar que o câncer de colo de útero tem quase 100% de prevenção com vacinação, diagnóstico e tratamento”, finaliza Carlos Moraes.
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