Já é sabido que cigarro e vape causam grandes problemas aos pulmões, porém ambos possuem substâncias tóxicas que também atacam diretamente o coração. Esses elementos químicos provocam aumento da pressão arterial, do mau colesterol e dos triglicerídeos, estimulam a formação de placas de gordura nas artérias e geram um ambiente inflamatório.
No Brasil, o Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado no dia 31 de maio, é promovido pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) para alertar a população sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo.
A cada ano, o uso do cigarro eletrônico está aumentando. Os fumantes dos cigarros convencionais acreditam que estes trazem menos males para a saúde, mas isso não tem fundamento. Ambos afetam a saúde do coração, pulmões e o restante do corpo.
Inclusive, além dos males à saúde, esse novo tipo de cigarro faz com que o combate ao tabagismo seja mais desafiador, já que esses dispositivos são mais atraentes para os jovens, fato esse preocupante em um país com 9,8% de fumantes.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabaco e o cigarro são responsáveis por mais de 8 milhões de mortes por ano. Os dados apontam que mais de 7 milhões dessas mortes são resultantes do uso direto do tabaco. Já as mortes das pessoas expostas ao fumo passivo chegam a mais de 1,2 milhão. Ainda de acordo com a OMS, 20% das mortes por doenças cardíacas são causadas pelo tabaco.
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O cardiologista e presidente da SBC-CE, Ulysses Vieira, afirma que o cigarro é a principal causa de morte evitável no mundo. E chega a reduzir a expectativa de vida em 20 anos. Tabagismo figura entre os vilões quando o assunto adoece a cardiovascular.
“O cigarro é um dos maiores agressores do endotélio, que é a parede interna dos vasos sanguíneos. Essa ação interfere com a produção de uma substância protetora chamada óxido nítrico e faz com que as artérias fiquem mais vulneráveis ao acúmulo de gordura. A fumaça do cigarro também é responsável pelo enrijecimento das artérias, causando um risco maior de hipertensão arterial, consequentemente de infarto do miocárdio e de acidente vascular cerebral”, explica o especialista.
De acordo com o Inca, os fumantes possuem uma expectativa de vida em média 10 anos menor. O instituto ainda aponta que aproximadamente 170 mil mortes anuais causadas pelos prejuízos do cigarro poderiam ser evitadas.
O cigarro e outros tipos de fumo e tabagismo aumentam o risco de câncer, enfisema e bronquite pulmonar, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doença circulatória nas pernas (com risco amputação), derrame cerebral (AVC) e de doenças cardiovasculares.
No Brasil, cerca de 33 mil mortes por ano são relacionadas a doenças cardíacas resultantes do tabagismo. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) manifesta sua preocupação diante do atual debate acerca dos vapes.
A presença de nicotina nos dispositivos está vinculada ao aumento da frequência cardíaca, elevação da pressão arterial e intensificação do estresse oxidativo. Além disso, o consumo regular de vapes está associado a inflamação, disfunção endotelial, lesões vasculares e desenvolvimento de aterosclerose.
Não apenas isso, os cigarros eletrônicos também demonstram uma relação com o aumento da probabilidade de ocorrência de infarto do miocárdio. Indivíduos que fazem uso habitual desses dispositivos apresentam uma probabilidade 1,79 vez maior de sofrer um infarto em comparação com não fumantes, conforme evidenciado em estudos.
Apesar da exposição ilegal, os adolescentes continuam a ser altamente suscetíveis aos vapes. A Global Youth Tobacco Survey evidencia um aumento epidêmico no consumo de cigarros eletrônicos, que chega a ser três vezes superior entre adolescentes na mesma faixa etária considerando países em que a comercialização é permitida em comparação a países com o banimento da comercialização, como Brasil e Tailândia.
A Pesquisa Nacional de Saúde dos Escolares, conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e abrangendo 159.245 estudantes brasileiros, revela que a experimentação de cigarro eletrônico em algum momento da vida entre escolares de 13 a 17 anos atingiu 16,8%, sendo que 3,6%utilizaram nos últimos 30 dias.
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