

Isolamento de Bolsonaro afeta estratégia eleitoral do PL | Foto: Sergio Lima/AFP
03 de dezembro de 2025 — Aliados de Jair Bolsonaro (PL) avaliam que a prisão do ex-presidente e o consequente isolamento já começam a prejudicar as articulações estaduais do partido para as eleições de 2026. Membros da sigla ouvidos pela CNN afirmam que o impacto é crescente, especialmente diante de divergências recentes ocorridas no Ceará.
Com Bolsonaro detido em uma sala da Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, o fluxo de comunicação se tornou restrito. Apenas familiares próximos, com autorização prévia do Supremo Tribunal Federal, além de médicos e advogados, podem visitá-lo. Isso reduz o número de pessoas capazes de levar informações atualizadas e atuar como porta-vozes, dificultando decisões estratégicas.
Sem acesso a celular ou redes sociais, e com televisão limitada a canais abertos, o ex-presidente tem menos contato com o cenário político. Para aliados, essa limitação impede que ele acompanhe adequadamente as movimentações eleitorais nacionais e dê aval às alianças que o PL tenta construir.
>>>SIGA O YOUTUBE DO PORTAL TERRA DA LUZ <<<
A crise no Ceará evidenciou o enfraquecimento da articulação do partido sem a presença ativa de Bolsonaro. Durante um evento no estado, Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher, criticou publicamente a possibilidade de a sigla apoiar uma eventual candidatura de Ciro Gomes (PSDB) ao governo. Segundo ela, não seria possível apoiar alguém que atacou Bolsonaro “com tanta veemência”.
Ciro, que tenta se reposicionar no cenário político após se filiar ao PSDB em outubro, tem participado de articulações com setores da centro-direita. A reação de Michelle gerou forte atrito com Flávio Bolsonaro, que afirmou que ela foi “autoritária” e desrespeitou um acordo supostamente respaldado pelo próprio Jair Bolsonaro. Os demais filhos do ex-presidente apoiaram Flávio no embate.
Apesar de Michelle ter pedido desculpas aos enteados nas redes sociais, ela reforçou as críticas a Ciro. A disputa interna levou o PL a convocar uma reunião emergencial.
No encontro realizado na sede nacional do PL, participaram Valdemar da Costa Neto, Michelle Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, Rogério Marinho e André Fernandes, deputado federal pelo Ceará. Após a reunião, Flávio afirmou que o episódio foi um “ruído de comunicação”, reforçando que Michelle teria falado “com o coração”.
Flávio relatou ainda ter apenas 30 minutos semanais para falar com o pai e descreveu o estado emocional de Bolsonaro na prisão, ressaltando que o isolamento tem dificultado sua participação nas decisões do partido.
Para amenizar o clima, a legenda divulgou que Michelle e André Fernandes fizeram orações juntos e posaram em foto ao lado de uma imagem de Bolsonaro em tamanho real. Apesar da trégua aparente, o PL decidiu suspender as tratativas de aliança com Ciro Gomes no Ceará — movimento visto como vitória para Michelle.
A crise política no clã Bolsonaro ocorre uma semana após a prisão do ex-presidente, escancarando as dificuldades do PL em conduzir negociações sem sua principal liderança presente. Enquanto isso, Valdemar da Costa Neto tenta manter a direita alinhada ao centrão, apostando em uma estratégia pragmática para superar divergências internas e preservar o projeto político de 2026.
Leia também | Sorteio da Copa do Mundo 2026: Brasil só saberá ordem dos jogos no sábado; veja como funciona
Tags: Jair Bolsonaro, prisão de Bolsonaro, PL, eleições 2026, articulação política, Michelle Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, Ciro Gomes, PSDB, crise no Ceará, política brasileira, Valdemar da Costa Neto, articulações estaduais, STF, Polícia Federal, bastidores da política, clã Bolsonaro, cenário eleitoral 2026, centro-direita, alianças partidárias, crise interna PL, Michelle x Flávio, estratégia política, notícias de Brasília, sucessão eleitoral, bastidores do poder