

Entenda os cinco pontos que explicam a crise interna do PL | Fotos: reprodução
02 de dezembro de 2025 — Dez dias após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), uma crise política envolvendo sua esposa, Michelle Bolsonaro, e seus filhos reacendeu disputas internas no Partido Liberal. O atrito foi desencadeado após a ex-primeira-dama criticar a decisão do PL no Ceará de apoiar uma possível candidatura de Ciro Gomes (PSDB), gesto que desagradou aos herdeiros políticos do ex-chefe do Executivo.
Com Bolsonaro preso desde 22 de novembro, condenado por participar de um plano de golpe de Estado e impedido de disputar eleições, o partido vive seu primeiro grande racha público na ausência do líder do bolsonarismo.
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O estopim da crise ocorreu quando o diretório do PL no Ceará anunciou apoio a Ciro Gomes. Segundo o deputado André Fernandes (PL-CE), presidente estadual da sigla, a articulação teria sido autorizada pelo próprio Bolsonaro. Fernandes afirmou que o aval foi dado para fortalecer a oposição ao PT no estado.
Ciro oficializou sua filiação ao PSDB em outubro, após deixar o PDT. A aproximação com o PL, apesar de polêmica, não é inédita e se intensificou em eventos recentes, nos quais o ex-governador dividiu espaço com lideranças liberais.
A aliança com Ciro, entretanto, foi duramente criticada por Michelle Bolsonaro durante o lançamento da pré-candidatura de Eduardo Girão (Novo-CE). Presidente nacional do PL Mulher, Michelle acusou o partido de precipitação e rejeitou aliança com um adversário que fez ataques recorrentes a Bolsonaro e aos seus filhos ao longo dos últimos anos.
Ciro, durante a pandemia e em debates públicos, fez críticas diretas ao ex-presidente, chamando-o de “ladrão da rachadinha” e responsabilizando seu governo pela má gestão sanitária.
As declarações de Michelle provocaram reação imediata dos enteados. Flávio Bolsonaro declarou que a madrasta “atropelou” decisões internas e agiu de forma “autoritaria e constrangedora”. Eduardo Bolsonaro, dos Estados Unidos, classificou o episódio como “injusto” e defendeu que a posição do PL já havia sido determinada por Bolsonaro.
Carlos Bolsonaro, sem citar nomes, reforçou a necessidade de respeito à liderança do pai preso.
A crise se tornou o maior atrito interno da família desde o início da nova conjuntura política pós-prisão.
Na madrugada desta terça-feira (2), Michelle publicou uma nota pedindo perdão aos enteados, mas reforçou críticas ao apoio a Ciro: “Como ficar feliz com o apoio à candidatura de um homem que xinga meu marido o tempo todo?”. Ela disse respeitar os filhos, mas afirmou ter opiniões próprias.
Flávio Bolsonaro afirmou à CNN que conversou longamente com Michelle e que ambos se reconciliaram, mas destacou que ainda não há decisões sobre palanques estaduais. Segundo ele, as definições finais partirão do ex-presidente, mesmo preso.
Apesar da tentativa de pacificação, o PL convocou uma reunião de emergência. Dirigentes nacionais avaliam que Michelle desgastou sua imagem interna e reduziu as chances de ocupar posição de destaque nas eleições de 2026.
A cúpula deve reforçar Flávio Bolsonaro como principal representante do pai e avisar Michelle que decisões estratégicas do partido devem passar por Valdemar Costa Neto e pelo próprio Flávio.
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