

DNA das balas: tecnologia que transforma a investigação criminal no país — como funciona o Sinab | Foto: reprodução
30 de novembro de 2025 – Uma tecnologia de perícia que funciona como um “banco de DNA” das balas disparadas em crimes tem revolucionado as investigações policiais no Brasil. O Sistema Nacional de Análise Balística (Sinab) já auxiliou 9.066 inquéritos ao conectar projéteis, armas e cenas de crimes, permitindo que delegados e peritos concluam investigações com mais agilidade e provas técnicas robustas.
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O Sinab opera a partir da coleta de materiais em cenas de crimes — como armas, projéteis, fragmentos e cápsulas — feita por peritos das polícias científicas e civis dos estados. Cada arma, ao disparar, imprime marcas únicas no projétil, criando uma espécie de “impressão digital”.
Essas marcas são registradas no sistema nacional.
Quando um novo material é inserido, a ferramenta verifica conexões com outros crimes já cadastrados. Caso haja similaridade, ocorre um “match”, que pode indicar uso da mesma arma em diferentes delitos. Após análise e validação pelos peritos, a informação se torna uma prova utilizada para esclarecer crimes ou relacionar suspeitos às armas.
“Com as ligações encontradas, 9.066 inquéritos já foram auxiliados”, explica o perito Lehi Sudy, do comitê gestor do Sinab.
Atualmente, o Sinab alimenta o Banco Nacional de Perfis Balísticos (BNPB), que já reúne mais de 102 mil inserções desde 2022. A ferramenta, autorizada em 2019 e totalmente implementada em 2023, integra os 26 estados e o Distrito Federal, permitindo que crimes cometidos em diferentes regiões sejam conectados.
A estrutura conta com 40 laboratórios de balística espalhados pelo país, financiados com cerca de R$ 124 milhões do governo federal. A União fornece e mantém os equipamentos, enquanto os estados disponibilizam equipes e infraestrutura.
Essa integração vem permitindo ligações antes praticamente impossíveis de serem identificadas manualmente. “O Sinab revolucionou os exames de balística”, afirma o perito Rafael Silva, da Polícia Científica do Paraná. Segundo ele, crimes antes sem conexão agora podem ser relacionados em poucos minutos pelo sistema.
A ferramenta não só acelera investigações, mas também intimida criminosos ao reduzir a circulação anônima de armas ilegais no território nacional.
Para a perita Telma Penazzi, do Instituto de Criminalística de São Paulo, o sistema fortaleceu a interação entre laboratórios do país. “O mundo da balística ficou menor. Temos contato praticamente diário com equipes de todos os estados”, afirma.
Os convênios que permitiram a implantação do Sinab têm validade de cinco anos. Alguns deles — como os de Goiás, Paraná, Espírito Santo e Pernambuco — começam a vencer em julho de 2026.
Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, as renovações estão previstas. A pasta considera o projeto “exitoso” e pretende iniciar as tratativas no próximo ano. No entanto, reconhece que há desigualdade regional no uso da ferramenta, influenciada por estrutura, efetivo e conectividade de cada estado.
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