O câncer de mama atinge cerca de 66.280 pessoas, em sua maioria mulheres, por ano em todo o Brasil, segundo estatísticas do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Nesse contexto, diversas formas de prevenção e tratamento são indicadas por especialistas para frear o aumento no número de casos. A professora do curso de Farmácia do Centro Universitário Fametro (Unifametro), Julia Souza, explica como o uso de plantas medicinais pode ser feito na saúde mamária feminina.
De acordo com Julia, ainda não há comprovação da eficácia de plantas na prevenção do câncer de mama, mas a literatura relata que algumas podem ser utilizadas nas Alterações Funcionais Benignas da Mama (AFBM). É o caso dos fitoestrogênios, compostos com propriedades estrogênicas encontradas em plantas. “Podemos citar algumas espécies vegetais ricas nestes compostos, tais como: soja (Glycine max), trevo vermelho (Trifolium pratense), óleo de prímula (Oenothera biennis) e linhaça (Linum usitatissimum)”, explica a docente.
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Além de auxiliar nos casos de AFBM, Julia indica algumas plantas que também podem ser utilizadas para aliviar sintomas pré-menstruais. “Para dores e cólicas menstruais pode-se utilizar o capim-santo (Cymbopogon citratus), pois em seu óleo essencial há a presença do mirceno, que tem ação analgésica e ajuda a aliviar as dores desse período. Essa planta também traz benefícios por sua ação calmante”, enfatiza.
Segundo a profissional, os óleos de prímula (Oenothera biennis) e borragem (Borago officinalis) também podem ajudar a amenizar os sintomas desse período, pois os ácidos graxos essenciais presentes neles estabelecem um equilíbrio na relação estrogênio/progesterona, na retenção hídrica, na ingestão de carboidratos e na melhora do estado emocional da mulher. Para o inchaço, ela indica plantas com ação diurética como, por exemplo, a cavalinha (Equisetum arvense).
As plantas medicinais, segundo a docente, possuem diversas substâncias químicas responsáveis pelas ações farmacológicas distribuídas em várias partes da planta ou em concentração maior nas folhas, cascas do caule, raízes e flores. A profissional explica como preparar e incluir esses fitoterápicos na rotina.
– Folhas e flores: a preparação indicada para uso é o chá por infusão. Coloque água fervente sobre a planta em um recipiente e o tampe por aproximadamente 15 minutos. Depois, é só coar, esfriar e tomar o chá. Quando a parte da planta utilizada são cascas, caule ou raízes, a preparação pode ser por decocção. Nesse caso, ferva a planta com água por aproximadamente 10 minutos, coe e tome o chá depois de frio.
– Aroeira do sertão (Myracrodruon urundeuva): espécie vegetal muito utilizada na medicina tradicional nordestina, possui ação anti-inflamatória e o cozimento de suas cascas pode ser usado em banho de assento para tratar infecções vaginais, além de ser também utilizada na lavagem de feridas, pois ajuda no processo de desinflamação e cicatrização. Seu chá preparado por decocção, pode também ajudar a aliviar problemas gastrointestinais, como azia, dispepsia, gastrite ou úlcera gástrica. Para prepará-lo, ferva a água com as cascas por volta de 5 a 10 minutos, após coe, espere esfriar para tomar.
“O uso dessas plantas deve ser feito de forma equilibrada, pois, mesmo sendo naturais, podem trazer algum efeito adverso se consumidas em excesso. Também deve ser evitada a utilização acompanhada de algum medicamento, sob o risco de ocorrer uma interação medicamentosa ”, esclarece.
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