

07 de novembro de 2025 – Um estudo divulgado em 2025 pelo MapBiomas, iniciativa que monitora o uso do solo e o desmatamento no semiárido brasileiro, aponta um dado preocupante: quase todos os municípios da Caatinga registram algum nível de desmatamento. Diferente de outros biomas, como Amazônia e Cerrado, onde as áreas devastadas são extensas e contínuas, o desmatamento na Caatinga ocorre de forma pulverizada, com média de 10 hectares por evento.
De acordo com Diego Costa, geógrafo do MapBiomas, essa fragmentação torna a fiscalização mais complexa e está frequentemente associada a atividades de subsistência e ao uso extensivo do solo. Por isso, ele reforça a necessidade de políticas públicas adaptadas à realidade local do semiárido.
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O avanço do desmatamento em zonas de desertificação preocupa especialistas, já que essas áreas degradadas podem atingir um ponto de não retorno, comprometendo o solo, a biodiversidade e o microclima, além de reduzir drasticamente a produtividade agrícola.
Para enfrentar esse cenário, a Associação Caatinga desenvolve ações estratégicas de restauração florestal e conservação ambiental. Até o momento, a instituição já restaurou 264,5 hectares, com o plantio de mais de 300 mil mudas nativas.
Entre as técnicas utilizadas, destaca-se o método das raízes alongadas, em que canos de PVC são usados como recipientes para o desenvolvimento das mudas antes do plantio. A técnica alcança 70% de taxa de sobrevivência, mais que o dobro da média convencional na Caatinga, e representa uma inovação de sucesso para o bioma.
Para Daniel Fernandes, diretor executivo da Associação Caatinga, conservar o bioma significa também cuidar das pessoas que dele dependem.
“Conservar a Caatinga vai muito além de proteger áreas naturais ou espécies nativas. É apoiar as comunidades que vivem nesse bioma, oferecendo alternativas sustentáveis, acesso à água e capacitação para a convivência com o semiárido. Só com ciência, educação e participação comunitária será possível proteger de forma efetiva esse patrimônio natural”, ressalta.
A Associação Caatinga também desempenha papel essencial na criação e gestão de Unidades de Conservação (UCs). A organização mobiliza comunidades, oferece suporte técnico e estimula práticas sustentáveis para proteger a biodiversidade e gerar renda.
Atualmente, a entidade já apoiou a criação de 33 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) e 5 unidades públicas, totalizando mais de 105 mil hectares protegidos, o equivalente a três vezes a área de Fortaleza (CE). Essas áreas estão distribuídas entre Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte.
Um exemplo emblemático é a Reserva Natural Serra das Almas, com 6.285 hectares, localizada entre Crateús (CE) e Buriti dos Montes (PI). Administrada pela Associação Caatinga, a reserva desenvolve ações de educação ambiental, sustentabilidade e geração de renda junto às comunidades rurais do entorno.
Entre as tecnologias sociais aplicadas estão cisternas de placas, canteiros biosépticos, fornos solares, fogões ecoeficientes, sistemas bioágua, meliponicultura e compostagem, todas voltadas à adaptação climática e ao uso sustentável dos recursos.
Essas práticas compõem o Modelo Integrado de Conservação da Caatinga, estratégia que une preservação ambiental, restauração e inclusão social, mostrando que a proteção do bioma depende do engajamento comunitário.
Fundada em 1998, a Associação Caatinga é uma organização sem fins lucrativos que atua na preservação do bioma Caatinga e no fomento ao desenvolvimento sustentável das comunidades rurais. A instituição busca aumentar a resiliência do semiárido frente aos impactos da mudança climática, difundindo conhecimento e promovendo soluções socioambientais de longo prazo.
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