

Operação identifica desvio de mais de R$ 215 milhões em ICMS | Foto: Daniel Vilas Boas/TV Globo
02 de dezembro de 2025 — Uma operação integrada do Ministério Público de Minas Gerais, Receita Estadual, Receita Federal e forças de segurança cumpriu mandados de busca e apreensão em diversas cidades do estado para desarticular um esquema de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Entre os investigados está o publicitário Marcos Valério, condenado como operador do Mensalão e atualmente em prisão domiciliar em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
As investigações apontam fraudes estruturadas que desviaram mais de R$ 215 milhões em ICMS ao longo de anos. A Operação Ambiente 186 teve alvos na Região Metropolitana de BH e no Centro-Oeste do estado, incluindo atacadistas, redes de supermercados e empresas do varejo.
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Entre as empresas investigadas está a rede Coelho Diniz, que atua no Leste de Minas Gerais e detém cerca de 25% das ações do Grupo Pão de Açúcar. Mandados foram cumpridos em sedes de companhias e residências de empresários e funcionários. As equipes recolheram celulares, documentos, equipamentos eletrônicos e veículos de luxo usados para lavar dinheiro. A Justiça determinou a indisponibilidade de bens no valor de R$ 476 milhões.
O caso tramita na 4ª Vara de Tóxicos, Organizações Criminosas e Lavagem de Bens e Valores de Belo Horizonte, responsável por crimes financeiros complexos. O processo está sob sigilo absoluto por determinação judicial.
O Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos de Minas Gerais (Cira-MG) aponta que o esquema se sustentava por meio de empresas de fachada, conhecidas como “barrigas de aluguel”, criadas exclusivamente para emitir notas fiscais falsas e simular operações interestaduais.
As notas simulavam vendas para outros estados, reduzindo a tributação. Na realidade, os produtos permaneciam em Minas Gerais e eram comercializados por redes como o Coelho Diniz. A prática ocultava a circulação real das mercadorias, evitava o pagamento do ICMS devido e gerava concorrência desleal.
Mais de 100 empresas são suspeitas de integrar o esquema, e cerca de 30 foram alvos diretos da operação desta terça-feira. O Ministério Público também investiga movimentações financeiras e inconsistências contábeis para reforçar as acusações de lavagem de dinheiro.
Marcos Valério é apontado como um dos articuladores das fraudes entre supermercados e atacadistas. Entretanto, até o momento, não foram divulgados detalhes específicos sobre sua atuação no esquema. A defesa informou que ainda não teve acesso ao processo.
O g1 também procurou a rede Coelho Diniz, mas não obteve resposta até a última atualização.
A operação mobilizou um grande efetivo: seis promotores de Justiça, três delegados da Polícia Civil, 58 auditores da Receita Estadual, dois da Receita Federal, além de 65 policiais militares, 54 civis, nove bombeiros militares e 15 servidores do Ministério Público.
Criado em 2007, o Cira-MG já recuperou mais de R$ 16 bilhões aos cofres públicos em 18 anos de atuação no combate a fraudes tributárias estruturadas.
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