

A PF realizou operação na casa de Anderson Torres, em Brasília, na última terça-feira (10/01) | Foto: reprodução/Globonews
A Polícia Federal (PF) encontrou a minuta de um decreto presidencial que tinha o objetivo de instaurar estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), visando o reestabelecimento imediato da lisura e correção (mudança) do resultado das eleições de 2022.
O documento foi apreendido durante operação realizada pela Polícia Federal (PF), na última terça-feira (10/01), na casa do ex-ministro da Justiça do Governo Bolsonaro, Anderson Torres.
O ex-ministro, que está com mandado de prisão em aberto, se manifestou sobre a minuta pelo Twitter. Disse que o “documento citado foi vazado fora do contexto ajudando a alimentar narrativas falaciosas” contra ele (texto completo abaixo).
>>>SIGA O YOUTUBE DO PORTAL TERRA DA LUZ <<<
Segundo especialista ouvido pelo site de notícias G1, o “propósito” do decreto “seria interferir no Tribunal Superior Eleitoral para Bolsonaro se autodeclarar vencedor das eleições”.
Renato Ribeiro de Almeida, coordenador da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), afirmou ainda que o decreto, se publicado, seria “totalmente inconstitucional”.
“É golpe. Não existe uma previsão legal para isso. Não existe no estado democrático de direito. É um ato preparatório de crime. Se fosse colocado em prática, levaria à prisão de Anderson Torres e do próprio Jair Bolsonaro”, afirmou.
Leia também | Haddad anuncia pacote de R$ 242,7 bi para melhorar contas públicas
A Constituição Federal prevê que o presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, “decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza”. O ato sobre o estado de defesa tem de ser enviado ao Congresso em 24 horas e ser submetido à aprovação por maioria absoluta.
A informação foi divulgada inicialmente pela “Folha de S.Paulo” e confirmada pela GloboNews.
A PF esteve na casa de Anderson Torres na terça-feira (10/01) para cumprir o mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, mas o ex-secretário de Segurança Pública não estava.
Os agentes deixaram o local com malotes recolhidos na casa. A minuta do decreto estava entre o material apreendido.
Torres era o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal no dia em que golpistas atacaram os prédios dos Três Poderes.
Até o fim do ano passado, Anderson Torres ocupava o cargo de ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro. No dia 2 de janeiro, foi nomeado secretário de Segurança pelo então governador do DF, Ibaneis Rocha, que foi afastado do cargo sob suspeita de ter sido conivente com os atos golpistas.
“No cargo de Ministro da Justiça, nos deparamos com audiências, sugestões e propostas dos mais diversos tipos. Cabe a quem ocupa tal posição, o discernimento de entender o que efetivamente contribui para o Brasil.
Havia em minha casa uma pilha de documentos para descarte, onde muito provavelmente o material descrito na reportagem foi encontrado.
Tudo seria levado para ser triturado oportunamente no MJSP. O citado documento foi apanhado quando eu não estava lá e vazado fora de contexto, ajudando a alimentar narrativas falaciosas contra mim.
Fomos o primeiro ministério a entregar os relatórios de gestão para a transição. Respeito a democracia brasileira. Tenho minha consciência tranquila quanto à minha atuação como ministro.”
Com informações do G1
Leia também | AGU pede o bloqueio de bens de financiadores dos atos golpistas