Em março de 2020, a vida seguia normal até que no dia 19 de março um decreto assinado pelo governador Camilo Santana mudou a rotina dos mais de 9 milhões de habitantes do Ceará. Do dia pra noite, todos nós tivemos que aprender o real significado da palavra lockdown.
As medidas de isolamento social adotadas também por governadores de outros Estados, que seguiam as recomendações de cientistas do mundo inteiro para conter a proliferação do novo coronavírus, provocaram impactos na rede de saúde, com atendimentos e cirurgias canceladas; na economia, com o fechamento das portas dos comércios e setor de serviços; na indústria, com a suspensão das atividades; na educação, com o fechamento das escolas.
Um ano e meio depois, as recomendações de distanciamento social, o uso de máscaras de proteção e o álcool em gel a 70%, mesmo contrariando o presidente da República, Jair Bolsonaro, continuam fazendo parte da rotina da maioria dos brasileiros. Durante esse período de pandemia, empresas e escolas tiveram que se adaptar o “novo normal”. Com as reaberturas das atividades, em diferentes estágios em cada Estado, em virtude da incidência maior ou menor do número de casos de covid-19, empresas tiveram que investir em serviços de entrega; escolas e universidades, em equipamentos para a transmissão de aulas, ao vivo, pela internet.
Na área da educação, houve prejuízos na aprendizagem dos alunos. Nem todos se acostumaram com as aulas online e milhares não conseguiam acompanhar os estudos porque, simplesmente, não tinham pacotes de internet suficientes para assistir às transmissões dos conteúdos.
No Ceará, o governo adquiriu tabletes e chips com pacote de dados para distribuir aos alunos das escolas públicas. E as diferentes vivências de professores, alunos e gestores das escolas acabaram se transformando na Coleção de livros a Educação no Ceará em Tempos de Pandemia, lançada na noite desta segunda-feira (4/10), por meio da Secretaria da Educação (Seduc) e do Programa Mais Infância Ceará, na Biblioteca Pública do Estado do Ceará (BECE)
A coletânea é composta por 95 artigos e relatos de experiências de quem vivenciou os impactos da pandemia de covid-19, nas escolas públicas do Ceará, contextualizando também as ações da Seduc para adequar a rotina de trabalho dos profissionais, com o objetivo de preservar a aprendizagem dos estudantes.
São três volumes organizados por temas de interesse. O primeiro aborda estratégias de gestão escolar. O segundo apresenta medidas adotadas nas redes municipais, valorizando o regime de colaboração praticado no Ceará. E o terceiro traz pontos de vista acerca da docência, com destaque para as novas formas de ensinar e de aprender na rede pública estadual. Todo a coleção pode ser vista no site da Seduc.
Ao todo, são 297 trabalhos de autores e coautores, entre diretores, coordenadores das Regionais da Educação, servidores, orientadores, professores das redes estadual e municipal, formadores da Educação Infantil, entre outros atores. Luiza Aurélia Costa também enaltece as produções. “O material é riquíssimo. Nestes artigos estão a nossa vontade de ousar e fazer diferente, para que o Ceará continue a ser a Terra da Luz”, pontua.
A publicação dos livros teve apoio institucional do Instituto Unibanco (IU) e contou com parceria técnica da Editora da Universidade Estadual do Ceará (EdUece). Os livros trazem prefácio do governador Camilo Santana; apresentações da vice-governadora Izolda Cela, da secretária da Educação do Ceará, Eliana Estrela e do superintende do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques; além de posfácios da primeira-dama, Onélia Santana; dos ex-secretários da Educação, Idilvan Alencar e Rogers Mendes.
A primeira-dama do Ceará, Onélia Santana prevê a geração de impactos positivos na Educação cearense com a disponibilização das obras.
“Não estávamos preparados para enfrentar uma pandemia. Esta é uma conquista importante e hoje se torna um dia histórico, porque simboliza uma superação das dificuldades vivenciadas durante estes tempos desafiadores. É um orgulho fazer parte da equipe de produção deste material pedagógico. Agradeço o empenho de todos os que concorreram à seleção de artigos”, destaca.
A secretária da Educação, Eliana Estrela, lembra que durante o período de pandemia os educadores tiveram que se reinventar para dar continuidade ao trabalho. “Pensamos que seria importante construir algo neste momento para que, no futuro, fosse possível saber de que forma a educação cearense passou por essa experiência. Lançamos editais para permitir a participação de professores e tivemos muitas inscrições, o que evidencia a confiança e a credibilidade dada pelos educadores cearenses a esta iniciativa”, ressalta.
Na visão do superintendente do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, as publicações demonstram o poder de resiliência dos educadores do Ceará. “Destacamos a preocupação com o acolhimento das pessoas, durante a passagem de um momento devastador. Isso expressa a capacidade de transformar uma experiência negativa em conhecimento, exatamente quando tanto precisamos. O Ceará está no caminho certo”, pondera.
O ex-secretário da Seduc, hoje deputado federal, Idilvan Alencar, frisa a importância de se refletir sobre o que foi vivido, com uma subsequente tomada de iniciativa. “A equipe da Seduc é unida e isso é o que faz a Educação do Ceará ter bons resultados. Aqui, a história da superação da pandemia está sendo contada sob vários olhares”, avalia.
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