O Programa Busca Ativa Escolar, lançado em agosto passado pelo Governo do Ceará, começa a apresentar resultados no combate à evasão de estudantes da Rede Estadual de Ensino Médio. A ação, realizada por meio da Secretaria da Educação (Seduc), possibilitou que três mil alunos fossem selecionados como monitores escolares. Eles recebem uma bolsa mensal, no valor de R$ 200, e atuam para trazer de volta os colegas que se distanciaram das salas de aula. No Liceu Estadual Professor Domingos Brasileiro, em Fortaleza, 10 alunos foram resgatados apenas nos primeiros dias da ação.
A participação e o engajamento dos próprios jovens nesta missão tem sido um diferencial para o sucesso do Programa, no ponto de vista da diretora do Liceu, Denise Silvestre. “Os monitores acreditam num futuro mais justo e são sensíveis às necessidades do outro. A facilidade que eles têm de trabalhar a busca dos pares no cotidiano, além de promover o retorno dos evadidos, ainda contribui para que as novas gerações internalizem o conceito de solidariedade e colaborem para o bem comum”, observa a gestora.
Para além do aspecto estatístico, são histórias de vida que ganham novo significado. Ao dar seguimento à vida estudantil, jovens fortalecem a crença nos próprios sonhos, adquirem mais confiança em si mesmos e ampliam as perspectivas de realização pessoal. Ao mesmo tempo, aqueles que desempenham o trabalho de busca ativa também se favorecem. Não apenas pelo benefício financeiro proporcionado pela bolsa, mas sobretudo pela aquisição de experiência cidadã e pelo desenvolvimento de valores altruísticos.
Larissa Santos do Nascimento cursa a 1ª série do Ensino Médio no Liceu Professor Domingos Brasileiro. Ela é uma das monitoras da unidade de ensino e defende ação porque crê que os alunos afastados têm tanto potencial para o desenvolvimento como todos os outros e que, por isso, não se pode desistir de ninguém.
“A busca ativa está sendo feita por jovens que entendem a cabeça de outros jovens e que sabem aconselhá-los da melhor forma. Se nós acreditamos no futuro, podemos influenciar outros a também acreditarem. Há um impacto positivo para a escola quando resgatamos alunos com talentos escondidos. Com essa volta, eles despertam interesse pelo conhecimento e descobrem o valor que a educação tem”, ressalta Larissa.
O Programa Busca Ativa Escolar foi lançado no dia 11 de agosto, data em que se comemora o Dia do Estudante, pelo governador Camilo Santana. A iniciativa faz parte do Ceará Educa Mais e visa fortalecer a manutenção e a permanência dos jovens em 670 escolas da rede estadual, ao mesmo tempo em que apoia o orçamento familiar dos três mil estudantes bolsistas, que receberão um benefício no valor de R$ 200 nos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro de 2021.
“Nós não queremos perder um aluno. O aluno que estiver faltando, esses monitores vão procurar saber o motivo, seja através do celular ou visitando o colega, para saber a razão de não estar indo à escola, e conversar com os professores. Ou seja, permitir essa ambiência para a gente trazer de volta, ajudar o aluno, saber se tem algum problema junto aos familiares. É uma rede de apoio e, para isso, estamos estimulando nossos alunos a participarem desse processo”, justificou o governador Camilo Santana, no dia do lançamento.
A Busca Ativa Escolar já tem uma série de ações realizadas em todo o Ceará com o objetivo de reverter a frequência irregular e o abandono da sala de aula.
Júlia Emilly Cardoso, que também é monitora na na escola onde faz a 1ª série do Ensino Médio, destaca que se comprometeu a fazer tudo ao alcance dela para que nem um aluno ficasse fora do ambiente de aprendizagem. “Precisamos trazer nossos colegas de volta para a escola, que também é deles. Algo de errado está acontecendo e temos que descobrir o que é, para ajudá-los no que for necessário. Gostaria muito de contribuir para melhorar essa situação”, considera.
Os alunos-monitores incorporam-se à força-tarefa que já conta com a adesão de quase 5.400 Professores Diretor de Turma (PPDT), além de psicólogos educacionais, educadores sociais do Protagonismo e integrantes do GCAPE (Grupos Cooperativos de Apoio à Escola).
Leia também | Câncer já é a principal causa de morte por doença de crianças e adolescentes